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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

7.29.2014

A lição de Daniel


 

     Vladimir Safatle      A lição de Daniel

 

   Daniel Barenboim     não é apenas um dos músicos mais completos da atualidade;    

  pianista e maestro com interpretações maiores. Na verdade, Barenboim   é

   um homem de rara coragem e visão, capaz de atitudes políticas de forte significado.      

     Judeu argentino, o músico é atualmente    cidadão palestinoe israelense e,

   por atos políticos desta natureza, sua voz deveria ser mais ouvida no momento atual.

 

Há alguns dias, ele escreveu um impressionante artigo,    "Podemos viver juntos",

    no qual lembrava que

          nunca haverá solução militar    para   o conflito Israel-Palestina.

 

     Ações como as que vemos atualmente    não levarão   a aumento algum

      da segurança de Israel,    nem destruirão o Hamas.

        Por isto, diz Barenboim:

       "Não faz sentido que Israel se recuse a negociar com o Hamas    ou

          que se recuse   a reconhecer o governo de unidade;

      não,   Israel deve escutar     os palestinos

          que estão dispostos      a falar a uma só voz".

 

      Claro que alguns dirão: "Mas como negociar    com alguém que  

      não reconhece       seu direito de existência?".

        Se assim fosse,   não haveria razão alguma para os palestinos negociarem

          com um governo israelense    comandado pelo  Likud,

       partido do primeiro-ministro         Benjamin Netanyahu.

      Em seu programa,      o Likud     simplesmente  

       não reconhece        o direito     de existência de

         um Estado palestino       à oeste do rio Jordão.

          No entanto,    os palestinos    negociam  

         com representantes        de um partido

          que   nega          seu direito     de existência.

 

        Sim, mas como negociar com "terroristas"?

          Esta era, vejam vocês,       a mesma pergunta   feita pela

           administração colonial britânica na Palestina,

          referindo-se a grupos judaicos de luta armada atuantes nos anos 40,

          como  Irgun,   Stern e Haganá.

          Tanto foi assim que        

                os britânicos sequer votaram

                                a favor da criação do Estado de Israel.

 

       "Terrorista"       foi também a palavra usada por

          Albert Einstein   Hannah Arendt

        em carta ao "New York Times" (4/12/1948)  para

        se referir ao futuro    primeiro-ministro de Israel,  Menachen Begin,  

          líder do futuro   Likud.

          Mas, se há algo que a história das lutas de ocupação

          (Argélia, Vietnã, Irlanda etc.) .

          nos ensina, é:

        chega uma hora em que você terá que negociar com os "terroristas".

          Foi isso que a Inglaterra fez com o IRA (Exército Republicano Irlandês),

        e será isso que, um dia,             Israel terá que fazer com o Hamas.

 

        Não é o caso aqui de justificar o Hamas.

        Trata-se de um grupo que representa   o que há de pior no mundo árabe,

    com um projeto  autoritário,   destrutivo demente  de sociedade religiosa.         Mas seu destino será, provavelmente, o mesmo de grupos muçulmanos como  

       a Irmandade Muçulmanaou  o Nahda tunisiano:

       serão expulsos do poder     pelo próprio povo que eles julgam representar.

       Mas para tanto, o governo de Israel deveria começar por parar de dar

       a ocasião perfeita         para eles posarem de mártires.

 

VLADIMIR SAFATLE escreve às terças-feiras nesta coluna.

MG

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