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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

3.16.2010

A "ESQUADRA FLINT"!


Trechos da coluna de Cesar Maia na Folha de SP (13).

1. Beatriz Sarlo, ensaísta argentina, ensina que "o presente não é um momento único, mas responde a formações de média e longa duração. O presente se vive com paixões políticas, que o historiador não aceita sem que medeiem filtros teóricos e de método. Não somos historiadores de nosso presente, porque é impossível sê-lo" ("Clarín", 11/2).

2. Quem diz que está fazendo história, o que faz é se olhar no espelho. As relações entre os países americanos vêm desde as guerras de independência, que nos países hispânicos tomaram como referência a República construída nos EUA. No Brasil, da mesma forma, na superação do Império. No final do século 19, o debate político nos EUA centrou-se nas relações comerciais externas e em torno da política tarifária e acordos de reciprocidade.

3. Em 1889-90, realizou-se nos EUA a primeira Conferência Pan-Americana, matriz da futura OEA. Nela discutiram-se os acordos de reciprocidade. O primeiro deles é negociado com o Brasil, entre o ministro James Blaine e o representante brasileiro, depois cônsul, Salvador de Mendonça: o acordo Blaine-Mendonça.

4. A disputa do mercado brasileiro entre os EUA e a Europa culminou com o apoio europeu à Revolta da Armada, tentativa de golpe da Marinha, liderada pelo almirante Custódio de Melo, e depois o almirante Saldanha da Gama. Objetivo: derrubar o presidente Floriano Peixoto.
A baía da Guanabara foi ocupada pela presença ostensiva de navios de guerra europeus, em apoio aos da Marinha brasileira e com saudades da monarquia.

5. Floriano, nacionalista e industrialista, avesso ao acordo Blaine-Mendonça, terminou pragmaticamente cedendo, na busca de apoio militar dos EUA, que se deu com cinco navios de guerra. A estes se somou uma esquadra particular de navios de guerra (depois comprada pelo Brasil), construída pelo empresário norte-americano Charles Flint.

6. A "Esquadra Flint" chega ao Rio dando demonstração de força. O navio-chefe da Marinha dos EUA alertou com dois canhonaços, que levaram ao recuo e exílio de Saldanha da Gama. Dez anos depois, o embaixador Joaquim Nabuco (1905-10) acentuou a parceria preferencial com os EUA em outra Conferência Pan-Americana.

7. Este desenho da geopolítica continental completa 120 anos. A Argentina até hoje reclama. Mas agora, em 2010, o Grupo Rio criou mais um clube e excluiu os EUA. O governo "sub-15" do Brasil entrou nesta como já tinha entrado no caso de Honduras. Acha que está fazendo história. O que está mesmo é aquecendo a política chavista. E estimulando as relações bilaterais dos EUA com os países do continente, que já chegam a 60% deles.


Transcrito do Ex-Blog do Cesar Maia.

3.12.2010


OS RISCOS DA CANDIDATURA DILMA!


1. Um desenho que representasse uma campanha eleitoral deveria ser uma curva quase horizontal em sua parte inicial e que iria crescendo progressivamente, tornando-se quase vertical, num ângulo de 60 graus, nos últimos 15 dias de campanha. O "produto" eleitoral tem uma característica única: se leva ao mercado num dia só, das 7h às 17h. Se não servir, só poderá ser reapresentado ao mercado 4 anos depois.

2. Nos EUA, os planos de campanha fazem, inclusive, acompanhar o gasto com esta curva. Diz-se que eleição não se ganha de véspera, nem no dia seguinte.

3. Grande parte do eleitorado está com a cabeça longe da política. Por isso, os institutos separam os indecisos e os não totalmente decididos, que ainda podem mudar seus votos. Uma campanha muito antecipada ou é de um candidato franco favorito, ou corre o risco de ser um filme já visto pelo eleitor na hora de começar a decidir o seu voto.

4. A superexposição, segundo a escola francesa de Jacques Seguelá, queima como a luz do sol. Há a necessidade de mergulhos e retorno à superfície. Deve ser assim, segundo ele, no caso dos governos, para que a superexposição não venha com queimaduras de terceiro grau. Nas campanhas, esse movimento sinuoso não cabe como nos governos. Mas cabe um processo de exposição progressiva, onde o eleitor vai descobrindo ou redescobrindo o candidato, numa imagem que vai se tornando cada vez mais nítida.

5. Uma campanha muito antecipada, sem que exista a justificativa de eleições primárias, como nos EUA, pode, pela repetição, cansar o eleitor, que começa a resmungar: Outra vez? Que cara chato(a)!

6. Esse é o risco que Dilma começa a correr. Pesquisas qualitativas informadas a este Ex-Blog começam a notar essa sensação de estresse por excesso. Um fenômeno que hoje poderia se chamar de "Síndrome do Filho do Brasil", ou seja, o filme que foi tão badalado antes, tão apresentado, tão debatido, tão polemizado, que quando foi para os cinemas não resistiu mais que à primeira semana.

7. E depois, a imagem que fica vai perdendo a nitidez para o eleitor. Não há óculos, propaganda ou dinheiro que dê jeito. As pesquisas qualitativas eleitorais (grupos de foco) são difíceis de serem feitas, pois exigem experiência de rua. As candidaturas podem testar e fazê-las com um Instituto com muita experiência nelas. E com isso, comprovar que Dilma começou a cansar antes mesmo de a eleição começar. Afinal -disse uma pessoa num desses grupos-, essa mulher não trabalha? Disse outro: Todo dia ela aparece num comício, e eu nem me lembro o que ela disse! E por aí vai.

8. Uma pesquisa qualitativa hoje deve testar a tese: Dilma começou a cansar o eleitor antes mesmo da campanha?

Transcrito do Ex-Blog do Cesar Maia.

3.05.2010

Vale Tudo.

Merval Pereira

A reação foi tão ruim que provavelmente a intenção de Lula de se licenciar da Presidência da República para entrar de corpo e alma na campanha de sua candidata, Dilma Rousseff, sem os empecilhos da legislação eleitoral não se concretizará.
Até mesmo o senador José Sarney, que teoricamente seria beneficiado pela manobra pois voltaria à Presidência, rejeitou a ideia com um argumento imbatível: um ex-presidente não pode voltar ao cargo como interino de ninguém.
A intenção de Lula de se licenciar do governo já havia sido revelada em algumas ocasiões, inclusive como explicação para seu apoio incondicional ao presidente do Senado durante a crise que quase lhe custou o cargo.
Além da retribuição ao apoio que recebeu de Sarney na crise do mensalão, o presidente Lula queria a garantia de que um aliado confiável assumiria o governo durante sua ausência.
Lula mesmo já havia dito que, se fosse preciso, se licenciaria para apoiar a campanha de Dilma. Portanto, nada de estranho na notícia do Ilimar Franco de que Lula já teria decidido se licenciar nos meses de agosto e setembro.
O que certamente o Palácio do Planalto não esperava era uma reação tão grande a essa manobra, que nada mais é do que uma tentativa de burlar o espírito da lei eleitoral, que pretende colocar os candidatos em igualdade de condições na disputa presidencial.
Esse conceito da legislação é difícil de ser atingido quando um membro do Executivo - tanto faz seja prefeito, governador ou presidente da República - está tentando a reeleição.
Mas vários casos de perda de mandato por abuso de poder político ou econômico estão acontecendo em estados e municípios.
Por muito menos do que o presidente Lula tem feito, vários já perderam o mandato.
O que acontece com a campanha presidencial é que não há ainda a oficialização das candidaturas, e o governo se aproveita desse detalhe técnico para forçar os limites da legislação, com a condescendência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O presidente Lula já inaugurou a mesma obra várias vezes, ou até mesmo pedras fundamentais de obras que ainda nem começaram, sempre com a sua candidata no palanque.
Deveria bastar um fato desses para ficar evidenciada a tentativa de usar o cargo para promover sua candidata, ferindo o espírito da legislação.
Certa ocasião, Lula disse ao povo presente a um desses comícios que eles deveriam tomar nota dos responsáveis pelas obras - e citou explicitamente a ministra Dilma entre eles - para que, depois, quando eles já não pudessem mais ir a inaugurações, se lembrassem de quem fez aquela intervenção.
Mais ilegal do que isso não é possível. Maior abuso de poder político e econômico é difícil de se ver.
Na verdade, depois que o PT lançou-a como "pré-candidata", o TSE deveria impedir que a ministra Dilma inaugurasse obras.
Nada acontece com Lula por ser ele o presidente da República e, mais do que isso, ter uma grande popularidade.
Se o PT estivesse na oposição e um presidente tucano fizesse o que Lula faz, já haveria protestos dos chamados "movimentos sociais" por todo o país.
De qualquer maneira, a partir de 3 de abril, com a desincompatibilização dos candidatos, ficará mais difícil a quem quer que seja burlar tão explicitamente a lei.
Quanto ao presidente Lula, licenciando-se do cargo ou não, continuará tendo as mesmas limitações legais, embora licenciado não constrangesse tanto os ministros do TSE.
Como não renunciou ao cargo, Lula continua sendo o presidente, e por isso não poderá pedir votos para Dilma afirmando que ela será a continuidade de seu governo, por exemplo.
Nem poderá fazer campanha em horário de trabalho.
Além disso, há constitucionalistas que não vêem respaldo na Constituição para que o presidente da República se licencie para fazer campanha política.
Mesmo que não se leve em conta o artigo 37 da Constituição, que coloca a moralidade como um dos requisitos fundamentais da função pública, no mínimo porque ao servidor público é permitido apenas o que está explícito na lei. E fazer campanha política não é um dos casos previstos na Constituição para que o presidente se licencie do cargo.
É previsível que teremos boas batalhas jurídicas nesta campanha, porque Lula já disse que só se considerará realizado se conseguir eleger sua sucessora.
Como fala muito, e não tem medidas, chegou a dizer que um governo só é exitoso quando o presidente elege seu sucessor.
Se fazendo o que faz já provoca reações na parte da sociedade que não convive bem com as transgressões, caso se licenciasse do cargo, Lula estaria explicitando na prática o que já disse publicamente, sem nenhum constrangimento: sua prioridade é eleger Dilma Rousseff.
Governar passou a ser secundário neste último ano de mandato.
Essa atitude de Lula, afrontando a legislação com pequenas espertezas, talvez seja uma das piores heranças que ele deixa para o país.
A prática política passou a ser nivelada por baixo, valendo mais quem é mais esperto, não o mais preparado.
Vale maquiar os números do PAC, vale fingir que não é candidata, mas fazer campanha política abertamente, vale trocar apoio político por cargos, vale ter em seu palanque o adversário de ontem apenas porque ele tem votos naquela região.
Como tudo isso dá certo, a prática se dissemina a ponto de não haver uma diferença fundamental entre os principais atores da cena política, mesmo que uns sejam mais comedidos do que outros.
A esperteza passa a ser elemento fundamental da prática política, colocando como secundário o conteúdo dos debates e propostas.
Vale tudo para se alcançar o objetivo político.

Artigo de Merval Pereira publicado no "O Globo" e transcrito dos "Blogs pela Democracia":

http://blogspelademocracia.blogspot.com/2010/03/vale-tudo.html

3.02.2010



DIREITA E ESQUERDA SEM USAR A AUTODEFINIÇÃO DO ELEITOR!


Trechos da coluna de Cesar Maia na Folha de SP (27).

1. Uns meses antes da eleição presidencial francesa de 2007, o instituto Ipsos com "Nouvel Observateur" realizaram pesquisa de opinião para conhecer o perfil ideológico do eleitor francês. A idéia era deixar de lado a autodefinição do eleitor. Propunha duas questões: economia e valores. Eram feitas diversas perguntas. O eleitor apontava com o que concordava ou discordava. Partia da ideia de que ser de esquerda em matéria econômica era querer mais Estado. Ser de direita seria dar ao Mercado maior peso. Para garantir a coerência das respostas, as diversas perguntas eram misturadas. O programa as separava para a apuração nestes dois vetores: Estado e mercado.

2. Da mesma forma em relação a valores. Ser de direita, no modelo, seria a adoção de valores Conservadores em relação ao sexo, à vida (aborto), à família, à lei... Ser de esquerda seria adotar valores Liberais. O resultado mostrou que o "partido majoritário" na França era um misto: de esquerda em relação à economia e de direita em relação a valores.

3. O instituto GPP repetiu para o Brasil a mesma pesquisa, adaptando-a às questões mais conhecidas dos eleitores brasileiros, dentro das mesma duas questões. Da mesma forma, agrupou as respostas em função do que seriam visões de economia e valores, de esquerda ou de direita. Exatamente como na França, o "partido majoritário" no Brasil era um misto: de esquerda em relação à economia (mais Estado) e de direita (posição Conservadora) em relação a valores. Num ponto -"propriedade"-, ambas as pesquisas mostraram que havia uma mistura ou cruzamento: na economia, como um elemento de esquerda em relação à não privatização, e nos valores, como de direita em relação ao direito de propriedade.

4. O direito de propriedade é visto pela grande maioria da população como um bem e uma conquista: seu aparelho de som ou TV, sua pequena casa, seu pequeno negócio, sua pequena propriedade, suas roupas, seus CDs... No Chile de Allende, quando a população passou a achar que a estatização chegaria a suas "propriedades" individuais, a base da oposição não apenas cresceu mas foi para as ruas. De passiva, passou a ativa, incluindo, na linha de frente, caminhoneiros, taxistas, lojistas, pequenos proprietários rurais, vindo em seguida setores médios e populares.

5. A surpresa quanto à passividade social em relação ao golpe veio depois explicada por este fator: a propriedade como um valor.

Transcrito do Ex-Blog do Cesar Maia.