>> vergonha nacional >> Impunidade >> impunidadE I >> impunidadE II >> VOTO CONSCIENTE >>> lEIA, PARTICIPE E DIVULGUE

Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

3.26.2008

UM LIVRO CENTENÁRIO

UM LIVRO CENTENÁRIO

23/03/2008

 

Onde quer que eu esteja em minha caminhada, acontece que estou sempre à mesma distância de Deus”.

Thomas Morus, na Utopia

 

 

Em 1904 Max Weber publicou um livro memorável – A ÉTICA PROTESTANTE E O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO – obra esta que, não obstante seus erros crassos e sua falsificação da história, é tida e havida como um marco insuperável da sociologia pelo conhecimento convencional. É o livro-texto obrigatório para todos os estudantes universitários do Ocidente, quiçá do mundo, que entope seus cérebros com falsas verdades e mentiras inteiras. O autor não apenas enganou-se, mas enganou também as gerações sucessivas que o têm lido obrigatoriamente nos cursos superiores. Meus filhos, que são estudantes universitários, tiveram que encarar ainda uma vez a maçaroca insípida do alemão, obrigados que foram por seus professores de Humanidades, especialmente do curso de Sociologia, a digeri-lo.

 

Como uma falsificação histórica dessa envergadura e uma mentira científica – na verdade, a negação da ciência – pôde se manter de pé e atual para os acadêmicos de todo o mundo? Pretendo dar uma breve resposta nas linhas que se seguem. A sociologia de Weber acaba por se tornar mais um capítulo tardio da Reforma religiosa. Weber não esconde sua admiração por Calvino, embora ele próprio não professasse religião. Da sua obra emerge a caricatura de seguidores católicos como seres retrógrados e avessos ao progresso do conhecimento, sendo supostamente os hereges protestantes o seu oposto. Uma absurda falsificação. Desde Orígenes que a Igreja optou pelo Deus dos filósofos, denunciando os deuses mitológicos dos Estados antigos, deuses estes que se confundiam com a própria pessoa do imperador. Jesus não representava os costumes, mas a verdade, para relembrar o famoso dito de Tertuliano. Por isso era o Logos, o mesmo Logos de Platão e Aristóteles. Por isso o cristianismo católico – o cristianismo por antonomásia – era tão subversivo e de fato, depois da figura excelsa de Agostinho, conseguiu domesticar o poder absoluto do Estado. Tão subversivo foi o cristianismo que submeteu o império, moldando-lhe o sistema jurídico, e por séculos implantou na Europa o que Paul Johnson acertadamente chamou de Sociedade Total, que se opõe ao monstro atual ao qual chamo de Estado Total.

 

Antes de Agostinho só Platão conseguiu esse tento, ao dar caráter jurídico ao Estado, um grande momento de iluminação pelo qual os governantes desde então passaram a exercer o poder mediante leis previamente aprovadas pelos representantes do governados, mesmo que por vezes esse representante legislador viesse a ser uma oligarquia ou mesmo um déspota como Júlio César. Desde então nenhum homem foi obrigado a nada senão pela força da lei. A esse processo foi seguido a implantação da igualdade jurídica de todos os cidadãos, culminado com o banimento da escravidão praticamente em todo o Globo. A escravidão é eliminada por obra e graças do cristianismo. Cristianismo é liberdade.

 

O cristianismo foi o segundo passado decisivo na domesticação do poder depois da descoberta de Platão, filósofo que foi contemporâneo do profeta Isaias. O Deus único de Israel não era um Deus estatal, não tinha território e o povo escolhido devia-lhe obediência e não ao poder político. Estava proibido de adora os bezerros de ouro, vale dizer, Moloch e Baal, formas de deuses estatais. Esse é o significado do magnífico símbolo da libertação do povo hebreu do Egito e, depois, do exílio babilônico. Não era uma mera libertação de uma dada situação de cativeiro, mas a libertação do reino desse Mundo contra o qual Cristo veio se opor. A libertação da alma imortal precisa negar o poder de Estado mitológico. O Faraó representava a escravidão de toda a humanidade ao poder mitológico dos Estados em todos os tempos. Reencarnações do Faraó nos tempos modernos foram Hitler, Lênin, Stalin e Mao, para ficar nos mais conspícuos. Em Cuba o processo é plasticamente representado pelas sucessivas fugas em embarcações precárias contra o Faraó mumificado Fidel Castro em busca da liberdade. Os que morreram pulando o Muro de Berlim mostraram o quando custa chegar a Canaã sem que Deus de novo faça o milagre de abri passagem no Mar Vermelho.

 

Weber, com a enorme acumulação de dados eruditos e  irrelevantes sobre religião, não foi capaz de ver esse óbvio, essa grande marcha humana em busca da liberdade cuja fundação é o Deus de Israel e a sua sacramentação na história pelo Advento de Jesus de Nazaré. Cristo diante de Pilatos é a expressão acabada desse processo de civilização. O que é a verdade? Perguntará o romano espantando. O homem sem a ajuda de Deus jamais teria escapado aos grilhões dos Faraós de todos os tempos, dos Césares tão arrogantes quanto efêmeros.

 

Onde o erro de Weber? Na premissa de que a sociedade capitalista emergiu por conta de mudança nas questiúnculas teológicas das heresias cristãs, especialmente aquelas variedades provindas do Calvinismo. Ora, a base capitalista da sociedade foi um processo milenar que vem desde a antiguidade, passando pelo formidável desenvolvimento da agricultura no tempo medievo por obra dos monges católicos, especialmente aqueles vinculados à Ordem de São Bento e a dos monges irlandeses. Os monges dominaram a natureza, aumentaram a produtividade do trabalho e, sobretudo, introduziram formas de trabalho assalariado que revolucionaram o processo produtivo. Questiúnculas teológicas não tiveram qualquer importância para a vida prática. E, essencialmente, as heresias cristãs eram ainda cristãs e a questão relevante era comparar a cristandade com outras formas de civilização ossificadas e paralisadas no tempo, como a islâmica, a chinesa e hindu.

 

O judeu-cristianismo desencanta a natureza e, sobretudo, desdiviniza a política. O imperador não é mais o deus vivo. Quando muito o é pela graça de Deus, com a obrigação de respeitar os preceitos da Igreja e da Bíblia, o direito natural fundado em base teológica, de fazer imperar o reino da Justiça.

 

Por que o capitalismo surgiu na Europa cristã e lhe deu o domínio político, militar e cultural de todo o mundo, submetendo as culturas mais retrógradas desde pelo menos o século XV? Porque o cristianismo é a civilização por antonomásia e dominou porque tinha para dar às demais civilizações o sentido civilizacional. As heresias foram meros desvios que nenhum poder heurístico tem sobre esse processo civilizador. O Ocidente deu sua ciência, sua técnica, suas leis, suas instituições, sua liberdade aos povos conquistados. Seu progresso foi a grande dádiva para o mundo.

 

Weber não notou que muito mais relevante do que as heresias teológicas reformadas foi a emergência das filosofia mortas da antiguidade, nomeadamente o epicurismo e o estoicismo, que dominaram de forma avassaladora a inteligentzia ocidental desde o Renascimento. Weber ignorou solenemente esse fato mais formidável do pensamento e da religião, pois afinal essas duas escolas filosóficas são a alternativa materialista ao cristianismo. São incompatíveis com o cristianismo e foram derrotadas nos século IV e não deveriam ter sido exumadas. Num primeiro momento essas idéias neopagãs permitiram romper com certas amarras espirituais que não deveriam ter sido rompidas, pois eram os diques que de certo modo domava o Mal que impera na alma do homem. Essa ênfase na matéria e a negação do Espírito por parte desses filósofos explicam de forma muito clara a aceleração da dominação da natureza, cujo tento mais eminente é a capacidade que a humanidade tem hoje de auto-destruir-se no holocasuto atômico. Era contra esse Mal intuído em potência que homens como João, o Apóstolo, pregavam . O Apocalipse de São João é uma desesperada proclamação desses perigos transcendentes. O Mal opera e hoje está na mão de pessoas moralmente desqualificadas e apartadas de Deus a decisão de apertar os gatilhos do Armagedon. Já o fizeram uma vez, nada impedirá que o façam novamente.

 

O erro metodológico de Weber fica evidente já nas páginas iniciais de seu livro, ao citar o longo trecho de Benjamin Franklin, sustentáculo de seu argumento. Certo, Franklin vinha de família calvinista, mas as suas idéias não eram mais cristãs, embora talvez nem mesmo ele tivesse se dado conta disso. Franklin era maçom e até hoje tanto a Igreja Católica como a Presbiteriana não aceitam em seus meios quem milita na maçonaria, o que já torna problemática a sua confissão religiosa. O mais relevante, todavia, é que Franklin, como Jefferson e outros intelectuais de peso da América e da Europa, estavam já totalmente tomados pelas idéias estóicas que se disseminaram no mundo desde a Renascença. A elite européia que rompeu com Roma caiu nas garras das idéias pagãs. A própria Declaração de Independência dos EUA é uma peça estóica acabada, fazendo coro com sua co-irmã Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, editado pela Assembléia Nacional Francesa. As teses da Vontade Geral, da igualdade e dos direitos vindo antes do deveres foram resgatadas das tradições estóicas. E mesmo a idéia de um governo mundial que encontrará em Kant o seu grande teórico é genuinamente estóica e se encontra na obra A República, de Zenon.

 

É espantoso que um intelectual da envergadura de Weber não tenha se dado conta da importância do Estoicismo e do Epicurismo que avassaladoramente tomaram conta das idéias ocidentais. Essas filosofias darão suporte ao desenvolvimento das ciências – a manifestação mais conspícua é o surgimento da teoria do valor-utilidade que alcançou tal hegemonia que não se produz uma linha em ciência econômica, e na ciências sociais em geral, que não esteja firmemente baseada nela. Weber ignorou o mais importante. Questiúnculas teológicas não tiveram nenhuma importância na formação do capitalismo moderno. O risível é que toda a gente bem pensante, influenciada pelo erro de Weber, pensa que sim. Grande engano. A mentira tornou-se a substituta da verdade. É a Babel revivida na mente dos cientistas modernos.

 

Nivaldo Cordeiro

3.08.2008

O que se espera do Brasil


O Estado de S. Paulo
O que se espera do Brasil
Editorial

Todos os governos sul-americanos condenaram, com maior ou menor ênfase, a invasão do território equatoriano por forças militares colombianas. Não podia ser diferente, diante de uma clara violação do direito internacional. O presidente Rafael Correa já iniciou uma rodada de visitas a seus colegas latino-americanos - estará hoje em Brasília - para pedir-lhes apoio para a condenação da Colômbia na reunião de emergência convocada pela Organização dos Estados Americanos para examinar a crise. Também isso é procedimento de praxe nesses casos.

Mas o problema não é simples como pode parecer à primeira vista. A incursão colombiana não pode ser caracterizada como um ato gratuito e imotivado de agressão. Os governos do Equador e da Venezuela têm dado, abertamente, proteção a uma quadrilha de traficantes de cocaína e seqüestradores de vítimas inocentes, que pretende ser reconhecida como uma guerrilha ideológica que luta contra um regime político, por acaso democrático. Se os países da região decidirem isolar política e economicamente a Colômbia, terão dado uma inestimável ajuda aos inimigos da democracia naquele país - e no continente.

O chanceler Celso Amorim, em nome do governo brasileiro, considerou insuficiente o pedido de desculpas encaminhado pelo presidente Álvaro Uribe ao governo equatoriano e sugeriu que seja feito outro, acompanhado do compromisso formal de que não se repetirá a invasão do território do Equador. Hoje, o presidente brasileiro terá a oportunidade de fazer ao presidente Rafael Correa uma exigência igualmente enérgica e justa: a de que o governo equatoriano assuma o compromisso solene de não permitir a instalação de acampamentos e o trânsito de narcoguerrilheiros das Farc em seu território. Se esse tipo de exigência não for feito a Correa e estendido ao caudilho Hugo Chávez - que é quem está fazendo rufar os tambores da guerra -, estará configurada uma falta de isenção que certamente comprometerá os interesses brasileiros na região, no curto e no longo prazos.

Pois o fato é que as Farc têm usado o território do Equador e da Venezuela para seus negócios sinistros, sem que os governos desses países movam uma palha para coibir os narcoguerrilheiros. As Farc tentaram fazer o mesmo no Brasil e foram repelidas. E, no Equador, nem sempre elas tiveram trânsito livre. Em janeiro de 2004, por exemplo, o líder Simón Trinidad foi detido e deportado pelas autoridades equatorianas. Mas o governo era outro.

Rafael Correa e Hugo Chávez têm indisfarçáveis simpatias pelas Farc. Consideram esse grupo terrorista parte do projeto geopolítico "bolivariano". Chávez, segundo documentos apreendidos no computador de Raúl Reyes - morto na operação militar de sábado -, tem também outras razões para gostar das Farc. Numa mensagem enviada ao Secretariado da organização, Reyes relata que Chávez se mostrou agradecido pelos US$ 105 mil que recebeu das Farc quando estava preso em 1992, depois de uma fracassada e sangrenta tentativa de golpe de Estado na Venezuela. Outro documento revela que Chávez forneceu US$ 300 milhões às Farc. Hugo Chávez e Raúl Reyes, aliás, se conheceram pessoalmente numa reunião do Foro de São Paulo, a entidade organizada por Luiz Inácio Lula da Silva para o congraçamento dos movimentos esquerdistas do continente.

Outro documento encontrado com Reyes também deixa muito mal o governo de Rafael Correa. Descreve um encontro com o ministro da Segurança Interna do Equador, Gustavo Larrea - por alcunha, Juan. O ministro - entre outras coisas - manifestou o interesse de Rafael Correa em "oficializar as relações com a direção das Farc", a disposição de coordenar a ajuda aos moradores da zona fronteiriça e de mudar os comandantes das forças públicas que tivessem "comportamento hostil".

Essas atividades configuram uma violação da lei internacional, tão ou mais grave que a invasão do Equador. Em países com tradição de asilo a perseguidos políticos, o abrigo a terroristas não é admitido. A França, por exemplo, deporta para a Espanha os militantes da ETA que encontra em seu território. E existem pelo menos três resoluções da ONU que caracterizam como ato de agressão o abrigo, a instigação, a ajuda e o consentimento de um Estado, dentro de seu território, de forças irregulares que praticam ações terroristas em território alheio.


3.04.2008

OS LULASÍADAS



Os votos e os ladrões assinalados
Que do nordeste agreste lulistano
Por artifícios nunca d'antes perpetrados
Passaram inda além das maracutaias,
Sem perigos e guerras esforçados
De quem vive na política gandaia
E da gente humilde afanaram
A grana com que tanto enricaram;
E também as memórias ingloriosas
Daqueles sem terra que foram se apossando
Com engodo e fraude das terras produtivas
Que do norte ao sul andaram invadindo,
E aqueles que por obras viciosas
Se vão da lei sempre se lixando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cassem do vernáculo e da gramática
Os erros nos discursos que fizeram;
Cale-se de Machado e de Queirós
Os textos sublimes que escreveram;
Que eu canto o peito ilustre Lulistano,
A quem as Martas e Matildes obedeceram.
Cesse tudo o que o PT antigo canta,
Que outro PT apequenado se abrilhanta.

Deste ócio parlamentar sem mais temores,
Alcança os que são de fama amigos
Trezentos picaretas e graus maiores;
Encostando-se sempre nos antigos
Companheiros de cachaça e assessores;
Foram anos dourados, entre os finos
Lençóis de fio egípcio, puros linhos;

Se esta gente que busca Ministério.
Cuja valia e obras tanto acusaste,
Não queres que padeçam vitupério,
Como há já tanto tempo que ordenaste,
E ouças mais, pois não és juiz direito,
Dar razões a quem sucede que é suspeito.

Passando ao largo o vento acalma
Mas não duraria muito a calmaria
Eis que um falso amigo denuncia
Que um senhor falto de cabelos
Traz malas cheias de alegria
Mês a mês, com acertada pontaria,
Pontualidade de antemão agradecida
Pelos súditos que dançavam a quadrilha.

Entre gentes tão fiéis e tão medrosas,
Mostra quanto pode; e com razão,
É tão fácil entre ovelhas ser leão.
Sabe bem o que o Dirceu arquitetou,
E de tudo o que viu com olho atento,
Negou e negando assim ficou,
Até mesmo quando outro companheiro
Num hotel foi pego com dinheiro.
São uns aloprados, explicou.
Mas, com risonho e ledo fingimento,
Tratá-los duramente determina,
Pois assim engana o povo, imagina.

Mas não lhe sucedeu como cuidava.
Eis que aparecem logo em companhia
Uns comparsas que freqüentavam aquela
mansão, que de bordel em nada parecia.

Corrupto já lhe chamam os inimigos,
Danoso e mau ao fraco corpo humano
E, além disso, nenhum contentamento,
Que sequer da esperança fosse engano.

Mas enxerga-se, num e noutro bando,
Partido desigual e dissonante
São muitos contra muitos; quando a gente
Começa a alvoroçar-se totalmente
«Viram todos o rosto aonde havia
a causa principal do reboliço:
entra em cena um caseiro, que trazia
o testemunho sincero do serviço
que as damas ali prestavam
para tão seleta companhia,
e onde fortunas repartiam..
Não perguntava, mas sabia
As alegres badaladas que ali via.

É um suceder de ventos malcheirosos.
Denuncia a imprensa dos maldosos
que o divino comandava um corpore ativo
não explicando à roda solta a gastança
com uns cartões em prol da segurança
da coroa e do cetro lu-lalante.
São rubis, esmeraldas, diamantes,
em luzentes assentos bem cuidados,
estofados à conta do erário.
Outros serviçais todos assentados
na Ordem e no Progresso concertavam
desculpas para os tucanos que acusavam
fazendo coro com os democratas que gritavam.
(Precedem os antigos, mais honrados,
Mais abaixo os menores se assentavam);
Quando o divino alto, assim dizendo,
com tom de voz começa grave e horrendo:
- «Eternos moradores do luzente,
Estelífero Pólo e claro Assento:
sou o grande valor pros crédulos e inocentes,
de mim não perdeis o pensamento,
deveis de ter sabido claramente
como é dos fatos grandes certo intento
que por ela se esqueçam os humanos
Genoinos, Delúbios, Gregos e Romanos"

Mas em particular o esperto mui sabia,
que mentir o faz mais elegante,
Vereis como sorria e escarnecia,
Quando das artes bélicas, diante
Dele, com larga voz tratava e mentia.
Para a disciplina militar ali prestante:
"-não se aprende, senhores, na fantasia,
sonhando, imaginando ou estudando,
senão vendo, cupinchando e armando"..
Mas eis que fala falso, mas alto e rude,
da boca dos pequenos sabia, contudo,
que o louvor sai às vezes acabado..
"Tem-me falta na vida honesto estudo,
com longa malandragem misturado,
E engenho, que aqui vereis presente,
cousas que juntas se acham raramente".

"Para servir-vos, braço às armas feito,
Para cantar-vos, minto às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada".

Se isto o Céu concede, e o vosso peito
Oh dígna empresa, dígno empreiteiro,
com a ladroagem mente e vaticina
olhando a sua substituta assaz divina,
a má, a ladra, a serpentuosa Medusa,
agora a seu lado, na falsidade inclusa:
"faça vista grossa para temas nauseantes".
Falaram-lhe até que uma tal de Hipotenuza
e sua amiga uma tal de Geometria
acusam-no de comportamento ultrajante!

"Não as conheço, nunca ouvi falar,
como saber e conhecer não é meu forte,
dos amigos acuados não me afasto, me aproximo,
somos vinhos da mesma pipa, e subestimo,
aqueles que intentam me acusar.
O tempo passa, tudo há de se abafar!"

"Com a minha estimada e leda Musa
que me inspira o engodo e a farra plena,
apanágio do malandro e do farsante,
passeio pelo mundo em nau a jato,
de sorte que a justiça não me alcance,
como posso saber, se sou errante,
metamorfose ambulante?


Mídia Sem Máscara entrevista Mendo Castro Henriques - Parte I


por Editoria MSM em 02 de março de 2008

Resumo: Na primeira parte da entrevista, discute-se a influência da filosofia de E. Voegelin, seu possível legado e suas contribuições à ciência política.

© 2008 MidiaSemMascara.org

Apresentação

A convite da É Realizações Editora, o filósofo, professor e escritor português Mendo Castro Henriques estará em São Paulo entre os dias 04 e 06 de março de 2008, primeiramente ministrando palestra sobre o livro “Hitler e os Alemães”, de Eric Voegelin, publicado pela É Realizações em lançamento simultâneo às “Reflexões Autobiográficas”, do mesmo autor. Sobre este último livro, e na mesma data, a palestra será proferida pelo filósofo Olavo de Carvalho, via videowebconferência. Em seguida, nos dias 05 e 06, o Prof. Mendo Castro Henriques ministrará um Curso de Introdução à Filosofia Política de Eric Voegelin, também no auditório da É Realizações. Para maiores informações, clique aqui.

Nascido em dezembro de 1953, o Prof. Mendo Henriques é doutor em Filosofia Política pela Universidade Católica Portuguesa e autor, tradutor e coordenador de edição de uma bela dúzia de livros de grande importância, dentre os quais, e para o momento, destacamos aqueles dedicados à obra de Voegelin e sua filosofia: “A Filosofia Civil de Eric Voegelin” de M.C. Henriques e Estudos de Ideias Políticas – De Erasmo a Nietzsche”, de Eric Voegelin, tradução e abreviação de M.C. Henriques. Cremos, entretanto, que isto não define nem apresenta por completo nosso entrevistado de hoje, a julgar por suas declaradas áreas de investigação, que se concentram na filosofia, certamente, mas abrangem também cidadania, história das idéias, lusofonia, história militar e prospectiva estratégica. Esperamos que nesta entrevista ao Mídia Sem Máscara o Prof. Mendo Henriques possa sentir-se à vontade para discorrer sobre tão variados assuntos, ainda que o foco inicial e principal incida sobre a obra de Voegelin, em especial sobre os títulos citados logo de início.

Aos leitores do MSM, além dos votos de bom proveito, fazemos apenas um alerta: o Prof. Mendo responde numa língua que talvez já não reconheçamos muito bem; é a língua portuguesa.

***

MSM: A obra de Eric Voegelin (1901-1985) começou a ser conhecida da comunidade acadêmica portuguesa já no início ou em meados dos anos 80. Em 1992, a sua dissertação de doutoramento "A Filosofia Civil de Eric Voegelin" praticamente inaugura a filosofia voegeliniana na universidade portuguesa. A inclusão de Voegelin no currículo da Universidade Católica Portuguesa é fato que, por si só, a coloca muito acima da soma de todas as universidades brasileiras, lugares (ou nenhures) onde até mesmo Platão e Aristóteles têm sido vistos sob variados disfarces. De fato, no Brasil, e a despeito da meritória tradução de "A Nova Ciência da Política" por José Viegas e das muitas palestras e cursos livres do filósofo Olavo de Carvalho, Voegelin é ainda virtualmente um desconhecido no meio acadêmico; não há nem sequer uma rejeição a Voegelin; é ignorância no sentido literal. Isto posto, lhe perguntamos: hoje já é possível falar numa geração de discípulos portugueses de Eric Voegelin, a exemplo daqueles americanos e alemães que organizaram os 34 volumes das Collected Works? Que conseqüências o senhor imagina ou espera de tal geração?


Mendo Castro: É cedo para falar de uma geração de discípulos portugueses apesar do trabalho já feito e de publicações que se avizinham, nomeadamente a edição em 4 volumes de uma História da Filosofia Política - Dos Megalitos aos Astronautas, em que alternarão textos de Eric Voegelin com o de estudiosos portugueses que cobrem áreas e épocas que o grande filósofo político germano americano não abrangeu. Mas decerto que vamos a tempo de preparar uma geração portuguesa e brasileira de voegelinianos. Talvez tenha chegado a hora de, ponderando o ciclo da jovem democracia portuguesa pós 1974 que inaugurou o que Samuel Huntington chamou de ‘terceira vaga’ e, eventualmente, da jovem democracia brasileira pós-1985, redescobrirmos as constantes seculares do nosso consensualismo.


Do ponto de vista português, importa reencontrar a tradição democrática portuguesa. São esses factores democráticos da formação de Portugal como escreveu Jaime Cortesão que levaram às Cortes de 1254, e à criação do primeiro Estado pós-feudal da Europa após as Cortes de Coimbra em 1383, onde foi aplicado o princípio do quod omnes tangit ab onmibus decideri debet. Esse modernismo do país permitiu-lhe ser a vanguarda da expansão europeia no mundo. A restauração da independência em 1640 foi justificada pelas teorias cristãs da soberania popular que serviram de inspiração a todos os consensualistas para resistirem ao absolutismo iluminista. E a Revolução Liberal de 1820 foi qualificada como restauração das antigas liberdades usurpadas pelo despotismo ministerial e pelas ocupações e protectorado de franceses e ingleses. No Brasil creio ter sido esse o papel de José Bonifácio de Andrada, por exemplo. Mas isso eu tenho de aprender com os brasileiros. Com tudo isto presente, diria que só é novo aquilo que se esqueceu.


MSM: A sua primeira vinda ao Brasil, a convite da É Realizações, se dá quando esta publica as traduções de duas importantes obras de Voegelin, "Hitler e os Alemães" e "Reflexões Autobiográficas". Sem querer adiantar a sua palestra, fale-nos um pouco acerca desses dois livros e da importância que o senhor atribui à sua publicação no Brasil.

Mendo Castro: São duas escolhas felizes de obras muito diferentes. Sobre ‘Hitler e os Alemães’, escrevi que não é um assunto do passado porque a consciência humana vive na tensão permanente entre o tempo e os valores espirituais eternos. E o que está eternamente vivo tem que ser preservado e defendido no presente. Outra das razões da grande actualidade deste livro é que ele constitui não apenas um exorcismo dos ‘demónios’ que praticam crimes, como dos “estúpidos” que os permitem e esquecem. Tal como Alexandre Soljhenitsyn em Arquipélago Gulag, Eric Voegelin quer tirar do esquecimento tanto os que resistiram como os que ofenderam. É o mesmo esforço de anamnese, o esforço de ser ‘senhor de si’ e de ‘dominar o presente’ para elevar o nível de concentração espiritual mediante a filosofia que permite julgar a ordem e a desordem históricas concretas.


Quanto a Autobiografia é daqueles livros que quanto mais curto melhor, pois as coisas simples não precisam de muito discurso barroco para serem comunicadas. A vida de Eric Voegelin é essencialmente a sua vida académica. A sua passagem para a América em 1939, depois o regresso à Alemanha em 1958 e novo retorno à América em 1969 resultaram que a vida de um filósofo politico deve acompanhar a das suas ideias. Ele fez esse shuttle entre as duas metades do Ocidente porque as acreditava unidas por príncipios comuns da herança classica e cristã. Hoje vivemos uma situação mais complexa porque qualquer das metades do Ocidente tem sido vítima de complexos de inferioridade e urge estabelecer os princípios clássicos e cristãos nos quadros das democracias nacionais e numa situação de poliarquia internacional.


Saírem no Brasil estes dois livros, pela mão do Olavo de Carvalho e do Edson Filho é para mim um privilégio poder partilhar. Não o digo só por grande amizade para com ambos; digo-o, também, por acreditar na missão da lusofonia. E os símbolos são-nos favoráveis pois estamos em ano do bicentenário de chegada de D. João no Brasil.

MSM: A despeito da opinião de alguns críticos de que a filosofia política de Voegelin estaria separada da política “real”, Ellis Sandoz afirma que uma das razões que levaram Voegelin a retornar à Alemanha em 1958 era o seu desejo de estabelecer em Munique um instituto que pudesse ajudar a trazer a democracia constitucional americana para a Alemanha; e que verdadeiramente, as palestras de Voegelin, que deram origem a "Hitler e os Alemães" são uma prova de que a filosofia política voegeliniana não estava separada da política, mas direcionada ao cerne das questões da ordem política contemporânea. Uma vez que a filosofia de Voegelin tenha talvez um caráter mais diagnóstico do que terapêutico, por assim dizer, o senhor concorda com a interpretação de Ellis Sandoz?

Mendo Castro: Escreveu Henri Bergson em 1911 que, em filosofia, ‘um problema bem colocado é um problema resolvido’. Significa isso que não existe ‘filosofia aplicada’ no mesmo sentido em que se fala da tecnologia como ‘ciência aplicada’. A filosofia pode parecer teórica mas está sempre a pensar no concreto; seus diagnósticos são já indicações terapêuticas, conforme bem sugere a sua pergunta. O próprio termo ‘Ideia’, é proveniente do vocabulário medico helénico onde significava ‘sintoma’. Contudo, este carácter eminentemente prático da filosofia é mal compreendido tanto por dificuldades de comunicação como pela dispersão das linguagens filosóficas que se encontram divididas entre si por um apartheid.


A oportunidade de melhorar esta situação prende-se com a revalorização das filosofias clássicas – platónica e aristotélica – em que os conceitos não são generalidades que depois se aplicam automaticamente a situações concretas mas os conceitos são universais – e nesse sentido concretos do ponto de vista da unidade – que se verificam em circunstâncias particulares concretas. É a famosa dialéctica do Uno e do Múltiplo. Se acrescentarmos a esta postura o crivo da filosofia crítica tal como foi elaborada no séc. XX por Bernard Lonergan teremos as bases para que a filosofia reencontre o seu lugar ao sol. Mas não vai ser fácil, não!”


MSM: Talvez a contribuição mais valiosa de Voegelin à nossa compreensão do fenômeno do nazismo tenha sido a sua análise da dimensão espiritual do problema. O senhor poderia comentar esta dimensão espiritual, ou ainda, a dimensão da desordem espiritual, primeiramente na Alemanha de Hitler, mas no Ocidente contemporâneo como um todo?


Mendo Castro: Em 1964 Voegelin considerou «o problema alemão central do nosso tempo: a ascensão de Hitler ao poder». A sua explicação gira em torno do ‘princípio antropológico; uma sociedade é um ser humano em ponto grande’ e a sua qualidade está determinada pelo carácter moral dos seus membros. A Alemanha dos anos 30 revelava uma profunda deficiência espiritual, intelectual e moral. Hermann Broch escreveu que existia uma misteriosa cumplicidade no mal entre os que não pareciam ser maus. Karl Kraus e Thomas Mann disseram que uma população torna-se ‘populaça’ ao esquecer a capacidade humana de procurar a verdade. Havia falta de humanidade, ‘estupidez radical’, segundo Hannah Arendt. Só depois de bem estabelecidos estes principios é que se compreendem as análises clássicas sobre origens, evolução e queda do regime nacional socialista, e os dados que a economia, a ciência politica acumularam sobre a origem dessa revolução alemã.


A situação actual no que se chama o mundo ocidental é muito diferente. Não faltam actualmente pessoas responsáveis com o sentido da busca da verdade. São escassos os fundamentalistas europeus e americanos. A personalidade moral do indivíduo não está ameaçada pela mediocridade das componentes pessoais, sociais e históricas que se verificava na década de 30. O problema reside muito mais na ingovernabilidade provocada pelos sistemas “midiocráticos” em que a democracia é abusada pelos midia, e em que as sondagens comandam as decisões dos governantes, tomadas a pensar no curto prazo e não no chão moral da história, nem no princípio de responsabilidade de que falou Hans Jonas.


MSM: Uma das grandes contribuições de Eric Voegelin foi a de fazer claríssima distinção entre ideologias e filosofia, gnosticismo e ordem. Ele se dizia avesso aos "ismos", incluindo o conservadorismo, que ele considerava uma "ideologia secundária", de reação às ideologias revolucionárias, o que lhe rendeu algumas duras críticas de parte dos conservadores americanos, ao mesmo tempo em que estes eram seus maiores admiradores. Mas Voegelin parece ter resolvido a questão ao reafirmar sua admiração pela tradição constitucional anglo-americana, que tinha como base uma experiência histórica filosoficamente fundamentada. O senhor poderia comentar essa controvérsia especialmente à luz dos rumos políticos dos Estados Unidos e do Reino Unido, que parecem ter sucumbido a uma grande série de "ismos", incluindo aqui também o fundamentalismo islâmico, o abortismo e uma aparente renúncia à fé e à prática cristã? Se lhe for possível e se o senhor desejar estender seus comentários à União Européia, nós lhe ficaríamos muito gratos.

Mendo Castro: Eric Voegelin actualizou uma linha de pensamento da política que, partindo de Platão, Aristóteles e Cícero, passa por Tomás de Aquino e se revigora com Francisco de Vitória, Francisco Suarez, Johannes Althusius, Comenius, John Locke, Montesquieu e todos os que aceitam a perspectiva pluralista do politico. Por isso rejeitam a omnipotência do Estado, e os pessimismos e optimismos antropológicos de herança maquiavélica e hobbesiana, e da herança de Rousseau ou Ernst Bloch. Nessa tradição clássica e cristã cruzam-se propostas de filosofia política, onde pouco importam as profundas dicotomias entre conservadores e progressistas que ocupam quase todo o debate nos midia. Para esta grande conversação, podem contribuir as correntes de matriz liberal, de marca ética, como Locke, Montesquieu, os federalistas norte-americanos, Benjamin Constant e o krausismo em Portugal e Espanha. As correntes de matriz socialista podem evoluir do federalismo de Proudhon à doutrina das guildes, às teses britânicas do self-govemment e ao cooperativismo. As correntes conservadoras podem reinterpretar o humanismo cristão através do neotomismo, do institucionalismo e do tradicionalismo e reagir contra a omnipotência do Estado soberano absoluto e indivisivel. Mesmo algumas teses progressistas podem retomar as perspectivas da sociedade civil sem Estado, embrenhar-se de autogestão e procurar no small is beautiful, as classicíssimas teses da polis de há vinte e cinco séculos.


É por tudo isto que Eric Voegelin era avesso aos -ismos e se identificou, ele que tinha raízes germânicas, com a tradição constitucional anglo-americana. Mas embora sem o mesmo sucesso histórico, existem outras tradições constitucionais que tiveram e poderão voltar a ter uma palavra.


[O ano de ] 1640 poderia ter sido o ponto de partida para uma ‘portugalização’ de toda a Espanha, para usar uma imagem de Miguel de Unamuno. E, a partir de então, as teses da soberania popular, poderiam ter transformado a Europa Católica na vanguarda da Revolução Atlântica, precedendo as Revoluções Inglesa e Americana e evitando a ruptura de 1789.


Mas isto já é história contrafactual como Niall Fergunson anda fazendo, história de ‘ses’. Infelizmente, em Portugal triunfou a Razão de Estado sobretudo com Sebastião José de Carvalho e Melo que não por acaso carimbou os juristas da Restauração como monarcómacos e republicanos, colocando-os no Index do despotismo iluminista.


MSM: O professor e autor americano Michael P. Federici enumera sete principais contribuições de Voegelin à ciência política e ao conhecimento humano:

(1) a restauração da ciência política por meio da crítica do positivismo;

(2) um diagnóstico da crise do Ocidente;

(3) análise crítica do totalitarismo e dos movimentos ideológicos modernos;

(4) recuperação dos símbolos e experiências originais [engendering] da ordem;

(5) uma filosofia da história;

(6) uma filosofia da consciência

(7) uma moldura filosófica de abertura à transcendência que pode ser usada para restaurar a ordem à civilização ocidental.

Dentre essas contribuições, o senhor poderia destacar aquelas que julga mais importantes, ou ainda, gostaria de acrescentar algum outro componente?


Mendo Castro: Parece-me um excelente resumo. Eu destacaria a filosofia da consciência, porque é a base para todas as outras e acrescentaria que Eric Voegelin veio realizar o que ficou por cumprir no pensamento português e espanhol, após as teses de Francisco Suárez serem utilizadas, mas logo descontinuadas em 1640. Escassos anos após a morte de Suárez, e com excepção dos países católicos na Europa e suas colónias sul-americanas, a Escolástica tornou-se uma curiosidade cada vez mais remota. Ao longo do séc. XVIII, a Escolástica foi objecto de escárnio nos países marcados pelo iluminismo e pelo nacionalismo secularizado. A Reforma quebrara a ingenuidade da existência na história da civilização ocidental que agora tinha que enfrentar o problema da sua historicidade. Com o processo imanentista de secularização, a vida espiritual viu-se progressivamente excluída da ordem pública, um facto apontado pelos escassos pensadores que entenderam a historicidade das Igrejas e a ideia de religião não dogmática, como foram Bodin, Pascal, Hobbes e Espinosa. Em 1700, o declínio do espírito na vida pública era tão evidente que Giambattista Vico descreveu os ciclos de civilização como corsi i ricorsi que duram o tempo de um mito. Um filósofo político deve sempre proceder a um inventário dos poderes concretos e elaborar uma filosofia da história que encontre a ordem significativa na variedade da existência política. E isso implica todos os restantes pontos assinalados nesse resumo de Federici.

Mídia Sem Máscara entrevista Mendo Castro Henriques - Final
por Editoria MSM em 04 de março de 2008

Resumo: Na parte final da entrevista, o filósofo português Mendo Castro Henriques discute a filosofia de Eric Voegelin no entendimento da política contemporânea, a atual situação do Ocidente, Islã e sua posição com respeito à União Européia.

© 2008 MidiaSemMascara.org


MSM: Se um estudante lhe perguntasse, [se é que muitos já não o fizeram] de chofre, "Professor Mendo Castro Henriques: afinal, por que estudar a obra de Eric Voegelin?", qual seria a sua resposta?

Mendo Castro: Para recuperar o tempo perdido… Todos nós perdemos tempo na vida e o melhor modo de o recuperar é iniciar-se na filosofia e partir à descoberta da consciência. Pode-se entrar na filosofia por qualquer uma das suas portas e, como escreveu o grande Leo Strauss, a filosofia política é uma introdução política à filosofia.

Eric Voegelin ajuda a compreeender que muitas das bandeiras políticas que hoje se desfraldam como originárias de 1789 têm raízes bem mais remotas na filosofia clássica e cristã. É o caso dos Direitos do Homem, inequivocamente estabelecidos pelo cristianismo, ou da soberania popular e nacional, teorizada pela Escolástica Peninsular e consagrada pela Revolução Atlântica que, infelizmente, falhou em Portugal e Holanda, mas se estabeleceu na Grã-Bretanha e Estados Unidos.

Com efeito, a Revolução Francesa é o episódio central, mas de modo algum único de uma Revolução Atlântica desencadeada pela Revolução Inglesa de 1649 e continuada pela Revolução Americana de 1778. Aquela Revolução Atlântica que marca o actual modelo ocidental de Estado Constitucional ou de Estado de Direito, em todos os continentes, por oposição aos desvios totalitários contemporâneos, e que já estava presente nas constituições não escritas do Reino Unido ou do Portugal anteriores.

MSM: [Mendo Castro Henriques] vê na poliarquia européia a mais inovadora construção política no início do séc. XXI, um contrapoder indispensável à potência dominante." Pinçamos esta afirmação a respeito das suas idéias, Professor Mendo, pois esta nos parece propícia a questionamentos e esclarecimentos. A poliarquia – governo de muitos – européia é sem dúvida construção inovadora, mas é boa? Essa poliarquia não corre o risco de transformar-se num gigantesco burocratismo? De que forma o senhor entende a indispensabilidade de um contrapoder aos Estados Unidos? Onde entram Rússia e China nessa sua equação? Cremos não haver aqui mera posição ideológica antiamericana e por esta mesma razão, pedimos a sua explanação.

Mendo Castro: A situação actual do Ocidente é muito complexa. O chamado ‘fenómeno bizantino’ dita que os interesses estratégicos da União Europeia e dos EUA sejam divergentes, tal como na Roma clássica, o império do Oriente se separou do do Ocidente. Todos repararam que na independência do Kossovo, ao lado das bandeiras kossovares apareciam as dos EUA, não as da Europa. Quem insiste para que a Turquia entre na Europa são os EUA. Quem provoca a Rússia, ao ponto de chantagear a Europa são os EUA.

Isto não são afirmações anti-americanas. São afirmações para salvar essa grande sociedade dos seus dirigentes. Sabemos que o único candidato presidencial americano em que Eric Voegelin votou foi Adlai Stevenson, o único que se aproximou do ideal de prudência. Os EUA têm tido pouca sorte com seus presidentes e políticos do pós Guerra. Tiveram o que Allan Bloom chamou de ‘fechamento do espírito Americano’. Tiveram o blowback da política de quem é império, por defeito e não por missão. E agora estão a pagar o preço com um ciclo de depressão económica resultante de terem feito o offshoring de muitas das suas indústrias, excepto as de guerra. War is a great racket, como escreveu o general Smedley Butler... A Europa tem outro tipo de deficiências que resultam da enorme dificuldade de estabelecer consensos entre 28 nações e de perder muitas energias em políticas acessórias. Mas a Europa não quer, nem pode nem deve ser um império e isso dá-lhe uma vantagem de softpower sobre os EUA que ela tem usado, para praticar o que chamo de ‘gaullismo global’.

O general De Gaulle afirmava nos anos 60 que a França tinha poucas armas nucleares, mas as que tinha estavam apontadas ‘tout azimuts’, em 360 graus. A Europa cumpre esta função estratégica de não ser a potência militar dominante mas de contrariar qualquer pretensão de império, seja ele os EUA, que já estará desistindo da pretensão após 2009, seja das chamadas potências emergentes como China, Rússia e Índia.

MSM: O senhor mantém contato com lideranças e estudiosos islâmicos, classificados como antifundamentalistas. De todo modo, a presença islâmica na Europa, não raro conflituosa, só faz crescer. No Reino Unido e na Alemanha, o Islã já está a alterar leis e costumes. Qual a sua visão desse fenômeno e quais têm sido as suas manifestações em Portugal?

Mendo Castro: O meu contacto com o Islão é tardio até porque em Portugal, o fenómeno não tem expressão significativa, ao contrário do que sucede noutros países europeus. E contudo a capital de Estado mais próxima de Lisboa, a 400 km, é Rabat, em Marrocos. Para compreeender o Islão, eu adoptei o princípio de Si nolis bellum para pacem. Apresentei resultados iniciais sobre o tema em Madrid, a 21 de Março de 2004, por coincidência na semana seguinte ao atentado terrorista. Em Outubro de 2004 como editor e apresentador do 1º volume do De Legibus de Francisco Suárez, tratei a lei natural como base de aliança entre correntes secularistas e religiosas. Em Março de 2005, em Lisboa, em seminario que dirigi com Mohamed Khachani elucidei a temática numa perspectiva securitária. Apresentei a tradução do livro Os Novos Pensadores do Islão do meu amigo e jovem pensador marroquino Rachid Benzine, cuja edição portuguesa de 2005 foi a primeira a seguir ao original, e retomei a questão no Colóquio Cristianismo e Islão de 2005 na Universidade Católica. No 1º Congresso Internacional sobre o Mediterrâneo, em Roma, em Outubro de 2005, enunciei algumas perspectivas praxeológicas. No Colóquio Direito Natural e Historicidade: diálogo com o Islão, realizado pela Faculdade de Direito do Porto, a 8 de Novembro de 2005, reapresentei o tema. E voltei a ele em Seminário e livro entretanto publicado na Holanda.

Um grande esforço é necessário em ambos os lados do Mediterrâneo para superar equívocos, afastar medos, estabelecer pontes civilizationais, e equacionar as questões da modernização nas sociedades no Sul e nas sociedadede pós-modernas no Norte, para descrever um contexto histórico caracterizado por Shmuel Eisenstadt como ‘de modernidade múltipla’.

O atrasos dos países mediterrânicos muçulmanos na modernização e democratização tem sido atribuído aos mais diversos factores. O problema com a maioria dessas abordagens é que se operam com um conceito determinístico de modernização, como convergência para uma sociedade uniforme, favorecida pelos ‘progressistas’, e odiada por ‘fundamentalistas’; Mas a modernidade é um processo civilizacional que se combina com as identidades nacionais e regionais, com religiões e tradições particulares e essa transformação económica e sociopolítica começou na Europa após os desenvolvimentos científicos e tecnológicos resultantes da filosofia do sec. XVII.

Esta ‘grande transformação’ deslocou da religião para a democracia a base da legitimidade política. A modernização consistiu na reivindicação de direitos do homem, dos direitos naturais subjectivos evidenciadas por Suárez, Grotius, Hobbes, Rousseau e Kant. Mas o racionalismo ocidental não foi construído em oposição à fé. E por isso, a promoção do direito natural pela religião islâmica moderada contribui para a secularização da vida pública, como está em marcha no mundo muçulmano desde o séc. XIX. As relações internacionais devem abandonar o triste conceito de ‘choque de civilizações’ e explorar o conceito de ‘múltiplas modernidades’. Aí os moderados islâmicos serão cada ves mais aliados do Ocidente contra os fundamentalistas. Os novos pensadores do Islão são os que perceberam isto.”

MSM: "Ainda um Esforço Franceses! Já matastes o vosso rei! Falta matar o vosso Deus!". Assim se exprimia, na sua Filosofia da Alcova, Donatien Alphonse François, Marquês de Sade, louco, visionário do que a Revolução não podia nem queria confessar. A Europa já matou seu Deus cristão?

Mendo Castro: A ‘morte de Deus’ é um tema versado na cultura europeia desde há mais de duzentos anos desde as famosas injunções do alemão Jean Paul, passando por Hegel, Nietzsche, Heidegger e Sartre. Temos que admitir que ‘Deus’ é muito resiliente a argumentos de intelectuais porque, passados dois séculos, continua a ser necessário proclamar a sua ‘morte’, como actualmente vemos nos livros um pouco desesperados de Richard Dawkins.

Em paralelo com esse desvio intelectual da ‘morte de Deus’, a Europa do Cristianismo iniciou o movimento hermenêutico em meados do séc. XIX com Schleiermacher. A reconstituição dos contextos do Novo e Antigo Testamento permitiu poderosas expressões como As Vidas de Jesus desde Albert Schweitzer a Romano Guardini, à muito recente de 2007 de Joseph Ratzinger até desembocar nas grandiosas teologias do séc. XX como as de Bultmann, Urs von Balthasar e Bernard Lonergan, só para citar nomes cimeiros. A seu tempo, estas teologias encontraram expressão no Concílio Vaticano II, ou seja no compromisso entre a fé e o mundo, de mais pura raiz paulina.

Neste sentido, por detrás do shakesperiano ‘much ado about nothing’ que caracteriza a conversação nos mídia, eu diria que a Europa reconstituiu o sentido do divino num movimento que só tem paralelo no início da Escolástica dialéctica de Pedro Abelardo, no séc. X. Esse ‘retorno do divino’ se verifica pelas numerosas edições sobre o relacionamento entre ciência e religião; pela reapreciação das origens medievais do mundo moderno, em particular a ética do capitalismo, como demonstra Rodney Stark; pela pujante arquitectura, música e liturgia religiosas. Ainda assim, é um facto que esse ‘retorno do divino’ sofre das querelas entre direita e esquerda, entre conservadores sem futuro e progressistas sem passado. Mas criado o clima cultural certo, o resto depende dos testemunhos pessoais. Santos não se encomendam. Eles simplemente aparecem. Significa isto que o testemunho sobre Deus repousa muito mais na acção e contemplação de indivíduos que nas declarações de intelectuais. Nosso papel como filósofos é libertarmo-nos de estereótipos que encapsulam a realidade em fórmulas, frases ou preceitos genéricos – como fim da historia, nova ordem, etc -, e manter a abertura à realidade.

MSM: O senhor é um patriota português, monarquista democrático, estudioso de assuntos de defesa nacional e interessadíssimo na lusofonia. Como é que todo esse admirável perfil convive com a idéia, ou melhor, com a realidade da poliarquia européia [UE]?

Mendo Castro: O falecido poeta português Miguel Torga escreveu que ‘o universal é o local mas sem muros’. Sem optimismos exagerados, a Europa está tentando fazer isso mesmo. Posso até concordar que o Tratado de Lisboa, assinado em Dezembro de 2007 é mau, bem como os anteriores Tratados de Maaastricht e de Nice são maus. Mas pior ainda seria não existirem tratados nenhuns porquanto deixaria a Europa entregue a um Directório de potências. É uma lei das relações internacionais e da ciência política que é preferível aos pequenos contratualizar o poder do que deixá-lo à solta em benefício dos grandes.

A condição para a Europa ter sucesso é não cair na dimensão de super estado uniformizado, em nome do despotismo esclarecido e utilizando processos de diplomacia confidencial e secretismo. Não é essa a missão europeia, como se vê pelas estruturas de governação europeia que são de estruturas de poliarquia e não de estado soberano. A Europa tem um órgão executivo e fonte de normas que se chama Comissão. Tem a Presidência que se chama Conselho e que funciona por consensos alargados. Tem um Parlamento, mas que não legisla. Só o Tribunal Europeu mantém as funções de justiça tradicionais em apelo de última instância.

Portugal é um país atlântico situado na Europa. Depara-se com a contradição de uma comunidade de destino que teve direito a uma democracia portuguesa que gerou o municipalismo, a participação popular em Cortes em 1254, o primeiro Estado pós-feudal da Europa em 1385 e a primeira aplicação revolucionária das teorias da soberania popular em 1640, a revolução liberal em 1820, aliás, muito ligada à independência do Brasil. O seu papel é contribuir para essa ideia de Europa como o universal que é um local sem muros.

Acesse a página de Mendo Castro Henriques aqui.

3.02.2008

CARO SARGENTO DESCONHECIDO, VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ


SARGENTO DESCONHECIDO - REAJUSTE DOS MILITARES


Comentário postado no site www.averdadesufocada.com


(Pedindo desculpas, mas por respeito ao sargento, corrigi os poucos erros de Português. Simplesmente porque a mim não me custa fazê-lo – coisa que já não faço mais ao reproduzir as palavras do senhor presidente da coisa que ele e seu partido transformaram em brasil – Rebecca Santoro)

HOJE ACORDEI COMO DE COSTUME E, AO LER MEU JORNAL MATINAL, ME DEPAREI COM A NOTICIA DO REAJUSTE DOS NOSSOS SOLDOS. NÃO CONSEGUI ME CONTER. LÁ ESTAVA MINHA ESPOSA, COM SEU OLHAR DE CANSAÇO E DESÂNIMO, E MEUS DOIS FILHOS SENTADOS À MESA, ESPERANDO PELO CAFÉ E COM ESPERANÇA, NOS SEUS OLHOS INOCENTES, DE QUE EM BREVE AS COISAS VÃO MELHORAR..

DE REPENTE, TIVE UMA CRISE DE CHORO AO SABER QUE JAMAIS PODEREI DAR DIGNIDADE À MINHA FAMÍLIA, EM UM PAÍS TÃO INJUSTO COM OS MILITARES. NÃO CONSEGUIA FALAR E TENTAVA ENXUGAR AS LÁGRIMAS QUE ERAM MUITAS PARA QUE MINHA FAMÍLIA NÃO PRESENCIASSE A MINHA DERROTA. ALGUÉM QUE SEMPRE DEMONSTROU MUITA FIRMEZA NOS PASSOS, NOS ATOS E NA EDUCAÇÃO DA FAMÍLIA, AGORA, ENCONTRAVA-SE DE JOELHOS, REFÉM DE MEDÍOCRES CÁLCULOS PUBLICADOS NAQUELE JORNAL.

FUI AO MEU QUARTO, ABRI MEU ARMÁRIO, OLHEI PARA MINHA FARDA E PENSEI... NÃO TENHO MAIS ÂNIMO DE VESTI-LA, NÃO TENHO MAIS FORÇA PARA ENGOMÁ-LA, NÃO CONSIGO MAIS LUSTRAR O BRONZE DE MINHA FARDA, NEM LUSTRAR MINHAS BOTINAS, APENAS ME RESTA O INSTINTO...

O QUE FIZERAM CONOSCO? FOMOS SUBJUGADOS A MEROS CONSTRUTORES DE PONTES, TAPADORES DE BURACOS, APLICADORES DE VACINA, SEGURANÇAS DE FAVELA, ENTRE OUTRAS ATIVIDADES IMPOSTAS À TROPA SEM O DEVIDO RESPEITO QUE MERECEMOS. ACHAM QUE NÃO TRABALHAMOS, QUE SOMOS PARASITAS DA NAÇÃO E POR ISSO NOS PENALIZAM COM ESTA POLÍTICA AVILTADADORA DOS NOSSOS SOLDOS.

ESTAREI PRESENTE NA MINHA UNIDADE, POR INSTINTO, MAS NÃO MAIS PELO BRILHO DE MINHA FARDA, PRONTO PARA UMA REAÇÃO QUANDO ELA FOR NECESSÁRIA E FOR SOLICITADA, MAS JAMAIS PELO ORGULHO DE SER UM PROTETOR DE MINHA PÁTRIA. É MUITA HUMILHAÇÃO PARA UM SOLDADO PASSAR POR TUDO ISSO, E AINDA EM SILÊNCIO, SENDO DESMORALIZADO PELOS GOVERNOS DEMOCRATAS, POR PURO REVANCHISMO, OU ÓDIO DA INSTITUIÇÃO, PENALIZANDO ASSIM MILITARES QUE APENAS QUEREM E DEVEM CUMPRIR O SEU DEVER.

IREI DEVOLVER A MINHA ARMA, NÃO QUERO ESTAR SUJEITO AO COVARDE SUICÍDIO, E MEU SUOR E MEU SANGUE AGORA SERÁ PELA NAÇÃO, SE ASSIM FOR CONVOCADO, MAS NÃO SERÁ MAIS PELA INSTITUIÇÃO QUE NESTE MOMENTO NÃO ESTÁ SABENDO NOS RESPEITAR.

EU AINDA SOU UM BRAVO DE ALMA, CAPAZ DE DAR MINHA PRÓPRIA VIDA AO MEU POVO E AO MEU PAÍS, MAS NÃO MAIS PELA CASERNA, ATÉ QUE MEU RESPEITO E MINHA AUTO ESTIMA SEJAM RESGATADOS PELA INSTITUIÇÃO.

AOS REVANCHISTAS, ESPERO UM DIA SER CONVOCADO PELA NAÇÃO A TER QUE ENFRENTÁ-LOS NOVAMENTE E PROVAR QUE OS SENHORES APENAS DESTRUÍRAM A INSTITUIÇÃO E NÃO OS NOSSOS CORAÇÕES DE SOLDADOS.

PEÇO AOS MEUS IRMÃOS COMPANHEIROS QUE DIVULGUEM MEU DESABAFO POR TODA A REDE.

Recado (resumido de muitos recados) ao respeitoso Sargento:

1) Caro Sargento, quem tem as armas não pode aceitar derrota como a que se lhes é imposta sem reagir. Mesmo por que, não são somente os militares que sofrem com o desgoverno deste país. Muitos brasileiros clamam em suas preces que o senhor e seus soldados tenham a coragem de sair às ruas para devolver o Brasil aos brasileiros e à democracia que tanto sempre sonhamos, tirando os atuais comunistas do poder.
2) Caro Sargento, o senhor não teria motivos para ter vergonha de sua farda se, junto com seus colegas, defendesse o país e o seu povo – ou o senhor não concorda que estamos TODOS abandonados e prisioneiros e um bando de lobos?
3) Caro Sargento, o que o senhor e sua Instituição passam não é por revanchismo não. Revanchismo é só um pretexto, uma cortina de fumaça, para encobrir a intenção transnacional de transformar todas as Forças Armadas dos países em tropas policialescas e especializadas, todas unificadas (porém jamais unidas), no nosso caso, nas forças armadas da américa-latina (tudo em nome do que muitos generais, almirantes e brigadeiros chamam de unificação latino-americana para – pensam eles erradamente – lutar contra o imperialismo norte-americano, esquecendo-se, é claro, do imperialismo chinês, muçulmano e transnacionalista.
4) Caro Sargento, não devolva sua arma. Ninguém deve se matar, é claro. Mas, se for para morrer, ainda que pareça suicídio, morra lutando, com sua pequena arma, e ainda que sozinho, tentando mostrar ao mundo que morreu como um soldado, lutando para libertar o seu país das garras comunistas e para honrar seu juramento de dar a vida pela Pátria.
5) Caro Sargento, o soldado que der o primeiro tiro para defender o país terá atrás de si toda uma nação, milhões de brasileiros, com e sem farda, prontos para se colocar a seu lado e com ele lutar pela liberdade e pela democracia legítima.
6) Caro Sargento, a Nação não tem mais voz. A imprensa fala por ela e, na maioria das vezes, a trai e engana. Lembra do sucesso que faz o Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite, apesar da Imprensa que tentou transformá-lo num torturador anti-herói? Não, o Capitão não faz sucesso pelos erros que comete. Ele faz sucesso por seu espírito de luta, por sua coragem de reagir. A Nação está, de joelhos, esperando que surjam os capitães Nascimento dentro das Forças Armadas.
7) Caro Sargento, está divulgado.