Casos relatos no documento da Aman
1. O comandante de um batalhão, sediado em cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro, identificou entre os soldados incorporados o sobrinho de um conhecido traficante de drogas da região. Aprofundando as investigações, verificou que o pai do aludido soldado também pertencia ao bando de traficantes e que o cabo armeiro de uma das companhias do batalhão era filho do guarda-costas do chefe do tráfico. Durante aquele ano, os suspeitos foram cuidadosamente monitorados e na primeira baixa foram licenciados.
2. O soldado morava com sua família em um barraco na favela e servia em um batalhão na Vila Militar, em Deodoro, na cidade do Rio de Janeiro. Certo dia, um indivíduo, que pertencia ao bando que dominava o tráfico naquele local, disse-lhe que roubasse no quartel uma pistola 9 mm. A arma deveria ser jogada na linha do trem, por cima do muro dos fundos do batalhão, onde alguém a apanharia. Quando o militar ponderou que não poderia fazer tal coisa, o indivíduo ameaçou eliminar a família do soldado e deu-lhe um prazo para cumprir o que mandara. Pressionado e apavorado, o soldado procurou o apoio de seu capitão, que o ajudou a resolver a questão.
3. Em uma organização militar (OM), sentinelas foram flagradas, por sargentos que faziam ronda, consumindo maconha durante seu quarto de hora, comprometendo a segurança do aquartelamento, assim como a sua própria, além de estarem praticando um ato criminoso.
4. Em uma OM, um militar transportava drogas ilícitas para o interior do aquartelamento, para serem consumidas e traficadas, utilizando-se do microônibus do batalhão. Aqueles que usavam essa viatura, normalmente, não eram revistados pela guarda.
5. Em uma OM, descobriu-se que a munição empregada para realização do "tiro técnico" (teste de armamento) era desviada por militares que auxiliavam naquela atividade. Entretanto, o controle não apresentava alteração, pois os fraudadores davam a "baixa" da munição desviada, como se tivesse sido consumida no teste previsto.
6. Determinada organização militar foi vítima de furtos de munição e peças de armamento, praticados por soldados ali "plantados" pelo narcotráfico.
7. Em um quartel, localizado em cidade do interior, uma sentinela atirou no sargento que fazia a ronda noturna, porque estava fumando maconha e esqueceu-se da senha da contra-senha e dos outros procedimentos a adotar para identificar pessoas que se aproximassem de seu posto.
NEGÓCIO LUCRATIVO Um fuzil calibre 7,62 mm, cobiçado pelo crime, vale 30 mil reais no paralelo
O documento preparado na Aman considera que, por viver em um meio extremamente violento, o traficante precisa de armas e munições para sobreviver. Por isso, os quartéis e bases das Forças Armadas são vistos por eles como "possíveis locais de suprimento"
Os quartéis do Exército, da Marinha e da Aeronáutica guardam:
- "armas pesadas" nome que os marginais e a mídia dão genericamente aos fuzis e metralhadoras.
- pistolas semi-automáticas, também muito valorizadas no mundo do crime;
- granadas de mão, comumente utilizadas pelos criminosos;
- explosivos, como TNT, explosivos plásticos, cordel detonante, espoletas elétricas e pirotécnicas;
- e armamento coletivo, como as metralhadoras pesadas e os lança-foguetes. Esse material bélico é privativo das Forças Armadas.
Outro alvo importante e extremamente valorizado é a munição, principalmente os cartuchos que podem ser usados nas armas que os contraventores possuem. Em ordem de importância, os Car 9 mm "para-bélum", utilizados em várias pistolas e metralhadoras de mão, os Car 5,56 mm, em fuzis AR-15 e assemelhados, e os Car 7,62 mm, empregados em fuzis de diversas marcas.
Conforme pesquisa realizada para a confecção do documento. no fim do ano de 2006, na cidade do Rio de Janeiro, um fuzil automático leve (FAL), calibre 7,62 mm, valia cerca de 30 mil reais e uma caixa de munição para essa arma (20 cartuchos) era comprada pelos traficantes por 800 reais. Esses valores tornam o roubo e a venda ilegal de armas e munições um negócio lucrativo.
Postado por MiguelGCF
Editor do Impunidade Vergonha Nacional
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