O governador Ivo Cassol (afastado do PPS) havia determinado que operários de uma empreiteira reiniciassem ali as obras de um teatro inacabado: no sábado, eles chegaram a cercar o terreno com tapumes.
O comandante do CMA (Comando Militar da Amazônia), general Heleno Pereira, afirmou que o governador Ivo Cassol mandou cercar a propriedade sem qualquer tipo de consentimento do Exército, caracterizando invasão de terras da União, crime previsto no Código Penal Militar. "O governador resolveu criar um fato consumado. Nós decidimos retomar o terreno e empregamos a tropa", disse o general Pereira.
A retomada do terreno pelo Exército começou às 3h12 (horário local) de domingo, quando os fuzileiros, acompanhados de cães e armados com metralhadoras e escopetas, ocuparam o terreno de 24 mil m2.
O terreno é chamado Flor de Maracujá 1. Desde 1997 sua compra é negociada pelo governo de Rondônia, que iniciou as obras do teatro antes mesmo da conclusão das negociações.
Cassol anunciou que o Estado tentaria adquirir o terreno por meio de uma troca. Em 2006 o Exército colocou o terreno à venda. Dividiu a área em três quadras: a primeira negociou com o Tribunal de Justiça do Estado; a segunda, com a obra inacabada do teatro, está embargada pela Justiça; e a terceira está sendo vendida ao Ministério Público do Trabalho.
No último dia 18, aproveitando uma visita do ministro Nelson Jobim (Defesa) à Rondônia, Cassol pediu ao ministro a doação de dois terrenos --o do teatro e o que será vendido ao MPT. À Folha o general Luiz Alberto Martins Bringel, que acompanhou o encontro, disse que o ministro informou ao governador que iria estudar o caso, mas não deu esperança sobre a doação. Ontem, Cassol disse que só comentaria o caso após uma declaração de Jobim.
Em nota, o governo de Rondônia disse que queria trocar o imóvel por outro e classificou a ação do Exército de "verdadeira operação de guerra", acrescentando que tinha "o intuito único de intimidar e causar medo, como se fôssemos inimigos externos ou estivéssemos ameaçando a paz". A nota diz que a alegação de que a ocupação foi uma ação "para evitar a consumação da invasão" se choca frontalmente com as negociações há muito iniciadas para uma troca de imóveis".
Por KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus
Colaborou JOÃO CARLOS MAGALHÃES, da Agência Folha
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