O Editorial que apresentamos hoje foi escrito em janeiro de 2005, pelo General da reserva do Uruguai Iván Paulós. Entretanto, por todas as agruras e perseguições que vêm sofrendo as Forças Armadas dos países latino-americanos, sua atualidade permanece intacta e o texto permanece irretorquível.
Cabe salientar que as denúncias feitas pelo Gen Iván Paulós não se prendem a um fato isolado de seu país, Uruguai, mas também ao Chile, Brasil, Bolívia, Venezuela e, principalmente a Argentina, onde os julgamentos àqueles que salvaram o país do terrorismo comunista nas décadas de 70/80, estão mais acentuadas, levando os combatentes da subversão a julgamentos torpes – semelhantes aos “tribunais revolucionários” onde a sentença estava determinada antes do julgamento -, com testemunhas falsas, onde alguns deles foram condenados a prisão perpétua e nem mesmo um Capelão – Pe Christian Federico von Wernich – escapou à sanha vingativa dos derrotados de então.
É importante destacar ainda que essas ações não são meras coincidências nem se dão aleatoriamente mas obedecem a um plano global que tem inspiradores, executores e, acima de tudo, um organismo coordenador cujo nome é Foro de São Paulo, cujo objetivo é “conquistar na América Latina o que foi perdido no Leste Europeu”, segundo palavras de um dos seus fundadores, Fidel Castro. Registre-se ainda que, a evolução revolucionária neste processo de aniquilamento das Forças Armadas e de Segurança dos países latino-americanos difere apenas na velocidade com que estão ocorrendo, mas isto deve-se às diferenças geo-políticas, culturais e sociais de cada um deles.
Atualmente o Gen Iván Paulós encontra-se detido e irá a julgamento no dia 30 de outubro, acusado dos crimes de “violação aos direitos humanos” durante o período em que combateu a subversão e o terrorismo em seu país.
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Quo Vadunt, Forças Armadas?
General Iván Paulós
À diferença do que ocorreu na República desde 1830 até o presente, o próximo governo será de ideologia marxista-leninista. A maioria de seus integrantes é formada por componentes do movimento terrorista Tupamaro e por integrantes do partido comunista que, na década de 1970, levantaram-se em armas contra um governo democrático, legalmente constituído.
Na circunstância de uma guerra interna, decretada pelos órgãos competentes do Estado, foram militarmente derrotados, restabelecendo-se a paz que haviam alterado. Duas décadas depois, facilitado pela “miopia política” dos partidos supostamente tradicionais e por uma conjuntura nacional e internacional favorável, ascendem legalmente ao poder, pela via política, transformando-se em governantes e, portanto, exercendo autoridade sobre as Forças Conjuntas que militarmente os derrotaram.
O que podem esperar essas Forças dos que exercerão sobre elas o comando superior, quando a essência de sua ideologia e sua pregação coincidem em destruí-las e substituí-las?
Seus integrantes disseram:
Em Lenin, Obras Completas, Editorial Cartago: “... a demolição da máquina burocrática-militar do Estado é condição prévia a toda verdadeira revolução popular”.
Em Lenin, Obras Escolhidas, Tomo II, pág. 129: “Os grandes problemas da vida dos povos somente se resolvem pela força”; e na pág. 557: “Nossa palavra de ordem tem que ser armar o proletariado para derrotar, expropriar e desarmar a burguesia”.
Na Revista Internacional, fevereiro de 1971, pág. 26: “Conserva seu valor de atualidade a atividade de Lenin e do partido bolchevique, os quais realizaram um trabalho inflexível e sistemático no Exército, para ganhar as tropas, demolir o Exército burguês e criar posteriormente as Forças Armadas da revolução socialista”.
Em setembro de 1971, o alto dirigente comunista soviético Boris Ponomariov assinalava que “... o avanço do partido comunista no Chile estava vinculado à aplicação da doutrina marxista-leninista sobre o Estado, o que exige todo o poder, à destruição do Estado democrático e, particularmente, das Forças Armadas”.
Em “Chile: uma economia de transição?”, de Sergio Ramos, pág. 155, ano de 1972, este membro da Comissão Técnica do Partido Comunista expressa: “... a conquista do poder político passa necessariamente pela destruição do Exército Permanente e da Polícia”.
Antonio Gramsci, importante ideólogo marxista italiano, fundamenta que “a intelligentzia tem que se apoderar da educação, da cultura e dos meios de comunicação social, para desde aí apoderar-se do Poder Político e com ele dominar a sociedade civil”.
Em 1967, como derivação da organização revolucionária Tricontinental que, com o apoio da Rússia e da China realizou-se em Cuba, criou-se a OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), que foi a encarregada de organizar, apoiar e coordenar os movimentos revolucionários marxistas de natureza armada no continente americano. Na ocasião, integravam nossa numerosa delegação subversiva dos próximos ministros do governo marxista-leninista: José Díaz Chaves, no Ministério do Interior e Reinaldo Gargano Ostuni, no Ministério de Relações Exteriores. A declaração final da OLAS contém 20 pontos, entre os quais destacam-se:
- Que constitui um direito e um dever dos povos da América Latina fazer a revolução.
- Que os princípios do marxismo-leninismo orientam o movimento revolucionário na América Latina.
- Que a luta revolucionária armada constitui a linha fundamental da revolução na América Latina e que todas as demais formas de luta devem servir e não atrasar o desenvolvimento da linha fundamental, que é a luta armada.
- Que para a maioria dos países do continente, o problema de organizar, iniciar, desenvolver e culminar na luta armada constitui a tarefa imediata e fundamental do movimento revolucionário.
Como conseqüência e derivação lógica dos antecedentes referidos, se instalou e desenvolveu em nosso país a revolução armada anteriormente assinalada, que foi militarmente vencida.
Neste mês de dezembro passado, dois meses antes que o conglomerado marxista-leninista ascendesse ao governo, houve ao menos duas declarações públicas significativas, referentes ao tema que tratamos. Foram ditas por José Mujica Cordano, integrante da Direção Central do movimento terrorista Tupamaro e futuro Ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, que recomendou a agremiação nos quartéis, com o qual o comando das Forças passaria, nas ações, ao PIT-CNT; e pela futura Ministra da Defesa Nacional, Drª Azucena Berruti, aludindo a necessidade de aumentar o soldo dos Soldados (não dos Oficiais), para o qual seria necessário diminuir os efetivos, o que constitui uma solução aritmética simplista, porém fiel à sua ideologia de discriminar hierarquias, distanciando os Soldados de seus Oficiais e captá-los em detrimento da disciplina.
Declarações posteriores de Berruti determinaram sua intenção de transformar as Forças Armadas, para o qual será necessário “modificar seu estatuto e as pessoas”. Quanto a transformar as pessoas, isto deve ser feito “através de mudanças em sua formação, o que implica modificar e revisar os planos de estudo dos Oficiais”. As modificações apontariam a integrá-los a uma organização “com maiores características civis na direção” e “que se formem com os conceitos democráticos que pretendemos sejam regidos em todo o país”. O futuro sub-secretário de Defesa Nacional, Bayardi, entende que a investigação dos desaparecidos deva ser feita de forma pública, indicando também os nomes e sobrenomes dos implicados.
O que podem esperar as Forças Armadas, senão sua gradual destruição material e ideológica e a criação simultânea da Força paralela que a substitua, que seria marxista-leninista e, como tal, o braço armado do partido governante, alterando sua missão essencial que é servir à Pátria?
Como alcançarão este objetivo, fundamental para seus fins?
- Pela via legal, baseados nas maiorias legislativas:
- Modificando as disciplinas e programas de estudo.
- Utilizando professores e conferencistas nacionais e estrangeiros de sua ideologia.
- Modificando para seus fins os temas de concursos para ascenções.
- “Ressuscitando” o movimento reservista, com o qual distintas agremiações concorrerão para instruir-se militarmente em Unidades militares.
- “Ressuscitando” o CGIOR (Centro Geral de Instrução para Oficiais da Reserva), com instrutores nacionais e estrangeiros.
- Tentando criar agremiações do pessoal de tropa, discriminando remunerações.
- Utilizando para seus fins e/ou destruindo os arquivos de inteligência.
- Diminuindo os efetivos e dispersando as Forças, para debilitá-las.
- “Decapitando” as Forças dos Chefes e Oficiais opositores gravitantes.
- Legislando em causa própria para neutralizar os opositores ou os que possam sê-lo, como os Centro Sociais de Oficiais e de pessoal subalterno.
- Recebndo um rico assessoramento e apoio de governos com ideologias afins, particularmente Cuba.
- No momento adequado, substituindo definiticamente a “Força Antiga” pela “Força Nova”.
- Utilizando os “Direitos Humanos”, aprofundando, por essa via, a perseguição vigente.
- Manobrando com retribuições e atribuições, para enfrentar a Polícia com as Forças Armadas.
- Através da deformação histórica que levem a cabo na educação, capitalizando para seus fins os heróis nacionais, em atos pseudo-políticos.
- Tentando dividir o Exército, separando os “militares maus do passado” dos “militares bons do presente”.
- Pela via legal, baseado no exitoso trabalho político de seus quadros.
- Infiltrando as Forças Armadas e Policiais, corroendo seu moral e disciplina.
- Preparando secretamente um aparato armado, com base no pessoal e experiência existente, como já o fizeram em condições menos favoráveis.
- Criando enfrentamentos e/ou distanciamento entre as Forças ou dentro delas, fomentando a delação e a indisciplina, captando-as progressivamente para si.
- Fomentando “destruição” em domicílios de opositores.
Conclusão:
O próximo governo marxista-leninista tem na essência de sua ideologia e compromisso político a destruição gradual das Forças Armadas e Policiais existentes e sua substituição pelas que criará, completando a “demolição” que iniciaram os governos anteriores.
Junto à ideologia e compromisso, o governo tem os meios de fazê-lo porque os partidos conhecidos como tradicionais, salvo excessões individuais, no espaço de duas décadas lhes deram todos os apoios imagináveis, o que possibilitou seu formidável triunfo eleitoral.
Nesta conjuntura histórica tão especial, em que o fracasso e o descrédito do poder político, outrora tradicional, põe em risco a identidade nacional e a de órgãos naturais que a sustentam, é necessário que as Forças Armadas e, em particular, o Exército, fixem limites às pressões e transformações previsíveis.
Esses limites devem pô-las a salvo do revanchismo, de transformações que desvirtuem sua missão e tradições, que vulnerabilizem a dignidade de seus componentes, ou que as humilhem ou menosprezem como instituição fundacional da Pátria.
General Iván Paulós
Montevidéu, 12 de janeiro de 2005.
Tradução: Graça Salgueiro
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10.29.2007
Quo Vadunt, Forças Armadas?,
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