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Agradeço as oportunas e coerentes intervenções dos comentaristas criticando o proselitismo irresponsável do globoritarismo apoiado pela mídia amestrada banalizando as Instituições e o Poder do Estado para a pratica sistemática de crimes. Os brasileiros de bem que pensam com suas próprias cabeças ja constataram que vivemos uma crise moral sem paralelo na historia que esgarça as Instituições pois os governantes não se posicionam na defesa da Lei e das Instituições gerando uma temerária INSEGURANÇA JURÍDICA. É DEVER de todo brasileiro de bem não se calar e bradar Levanta Brasil! Cidadania-Soberania-Moralidade

10.02.2007

Indesejável polêmica

O meu artigo, neste conceituado matutino, A memória, a verdade e o destempero, de 4 de setembro passado, mereceu um outro artigo de críticas, do talentoso advogado Marcello Cerqueira, em 18 de setembro. Censurei um livro de antigos comunistas, lançado no Palácio do Planalto, presentes o presidente da República e sua ministra-chefe da Casa Civil, assim tomado pelos leitores como um documento praticamente oficial. Não li o livro porque achei que, se fosse lançado numa livraria qualquer, era de responsabilidade do editor, mas, sendo lançado como o foi, teve o respaldo oficial do governo, e esquecia os crimes dos terroristas. A verdade pode ser bifronte. Durante muito tempo mais, as verdades dos encarregados da contra-insurreiçao e a dos guerrilheiros, treinados na China (ainda ao tempo do governo Jango Goulart), na União Soviética e principalmente em Cuba, serão objeto de versões colidentes, a começar pelo cuidados esquecimento dos queixosos dos 200 combatentes que morreram, por vezes de maneira infame e hedionda, combatendo terroristas e guerrilheiros comunistas.


Cheguei a tentar, ao ler o bem escrito artigo contestador, reduzir a minha resposta a oito linhas de uma carta dirigida ao Fórum dos Leitores. Mas desisti porque, no dia seguinte ao artigo do advogado Cerqueira, o Estado publicou duas cartas me defendendo. Restavam as agressões envoltas no trato civilizado do advogado Marcello Cerqueira, o que me obriga a impedir que a palavra do contestador fique como irrespondível.


Nenhum dos meus argumentos contra o lançamento do livro de denúncias foi desmentido. Impossível desmentir-me quando asseverei que as comissões, criadas no governo Fernando Henrique Cardoso, foram constituídas de pessoas que nada tinham de isentas, como é imperativo aos juízes. Desnecessário falar das absurdas indenizações dadas aos esquerdistas, da luta armada ou não, a par do silêncio e do injusto esquecimento dos que foram mortos na luta contra os comunistas, já que todas as guerrilhas foram de comunistas que hoje se dizem defensores da democracia. Jamais defendi os excessos. Entendi, como entenderam os oposicionistas, entre os quais havia no Congresso juristas e advogados de renome como Marcello Cerqueira, que os crimes conexos eram os praticados contra os princípios da Convenção de Genebra, numa luta que se reconhecia como “suja”, sem quartel de ambos os lados, em que os terroristas, covardes, não corriam risco de morte, desde a bomba no aeroporto do Recife ao quartel do Exército em São Paulo, muito antes da edição do AI-5. Contam seus atentados em livro premiado em Cuba e um deles, pelo menos, ocupa ou ocupou posto na administração do então governador petista do Rio Grande do Sul. Despachos da resolução concedente de indenização, todos teciam loas aos comunistas. Promoções ilegítimas entendi como provocação aos vencedores, hoje pintados, todos, como réprobos. Uma de um capitão desertor, ladrão de armamento do seu quartel, assassino de vigilantes de bancos ou de segurança de embaixadores, a general para fins de proventos e cuja família, abandonada aos cuidados de Fidel Castro, recebeu milionária indenização. Claro que o advogado Cerqueira defende isso, mas tenho o direito de imaginar que os guerrilheiros e terroristas comunistas ganharam a luta armada e por isso recebem farto dinheiro público por seus atos e têm amparo oficial, como se estivéssemos num governo de comunistas, cultivando e premiando os vencidos como se vencedores tivessem sido.


Quem tiver conhecimento da eficiência dos comunistas mundiais, por meio de seu competente órgão de agitação e propaganda, sabe exatamente como eles buscam, e quase sempre conseguem, destruir os que lhes são ideologicamente contrários. Raymond Aron, pela expressão intelectual de um dos maiores escritores franceses do século 20, era acusado de ser de direita. Ele retrucava: “Os comunistas julgam que, quem comunista não, direita é.” Como somos anticomunistas, vestem-me de direitista. Guardadas as proporções, Roberto Campos, excepcional pensador, escritor e de inteligência cintilante, foi cunhado como entreguista, o Bob Fields, conseqüentemente um traidor da Pátria. Em muito menores qualificações, homem de centro, sou apontado como direitista, logo, admirador de Mussolini e de Hitler. No artigo do advogado Cerqueira há um escorregão que tisna a sua indiscutível inteligência. Porque usei o verbo denegrir, referindo-me ao Exército injuriado, o advogado insinuou que sou racista, porque entendo denegrir como idêntico a negro e, pois, um termo preconceituoso. Ridículo, seria o mesmo que chamar de racistas os mestres da literatura que usaram o verbo denegrir como sujar uma pessoa ou uma reputação. Mas sem que em nada no meu artigo houvesse o culto da violência, e até dissesse que concordo com o direito que os familiares têm de enterrar seus entes queridos. O brilhante acusador relembra a frase de que não me arrependo, na sessão em que o Conselho de Segurança decidiu pelo AI-5. É constante a repetição parcial da minha intervenção, hoje disponível, ao vivo, na internet. Disse eu, em certa passagem: “A Vossa Excelência, senhor Presidente, como a mim lastimo enveredar pela ditadura (termo que foi contestado por outros ministros na ocasião), mas, se não tenho alternativa, às favas os escrúpulos de consciência.” Por que escrúpulos de consciência? Porque entrei no golpe preventivo de 1964 para defender a democracia ameaçada e ia assinar um Ato que chamei de ditadura, na qual nunca prendi, sequer, uma pessoa, nem mesmo a que apunhalou pelas costas meu irmão mais velho, num sindicato.


Jamais sujei minhas mãos com o sangue dos meus inimigos e com o dinheiro havido desonradamente. Não tendo como atingir-me, apelam para denegrir-me como incestuoso e esquecem uma frase em que discordo da ditadura, mas me rendo a ela.


Por Jarbas Passarinho

Ex-presidente da Fundação Milton Campos, foi senador pelo Estado do Pará e ministro de Estado

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