Em matéria dos repórteres Leslie Leitão e Vania Cunha, no jornal "O DIA Online", de 03.11.2007, o preso Samuel Carvalho de Oliveira, 21 anos, acusado de vender ecstasy na Tribe Rio, em depoimento, contou ontem, que a quadrilha recebia os comprimidos de três fornecedores depois que as pílulas chegavam da Holanda. E mais, que numa festa com público de 10 mil pessoas costuma ter grande número de traficantes. "Tem uns 3 mil traficantes nessas festas, porque nem todas as pessoas que vão têm dinheiro para bancar muitas ‘balas’ (ecstasy). Eles levam uns 10 comprimidos para vender e ganham dinheiro para manter o vício" – palavras textuais. Disse ainda que os jovens costumam gastar cerca de R$ 300 por festa, regada a álcool e drogas, e prossegue:. "Fico sem nada, é tudo caro lá. Às vezes, a pessoa pede R$ 5 emprestado para chegar em casa ou pega ‘bonde’ com conhecidos. É uma perdição, 99% usam droga. Tem gente que toma 15 por noite. Mistura com vodca e energético e diz que é ‘suquinho’. Fica todo mundo doidão, muita gente caída, passando mal". Confessou-se usuário de LSD e que começou fumar maconha aos 12 anos.
Há dezoito meses atrás, precisamente em 07 de abril de 2006, Roberta de Almeida Ferreira foi, pela primeira vez, a festa rave do armazém 5, no cais do porto, centro do Rio, e morreu, possivelmente após consumir anfetaminas ou mesmo LSD – reportagem dos repórteres Janir Júnior e João Antônio Barros, no jornal "O DIA Online" de 04.11.2007.
Fiz questão de transcrever parte da reportagem do jornal "O DIA Online", para mostrar que não estou errado e tampouco que tenha eu um discurso radical. Muito pelo contrário. Todavia, nossos governantes, políticos, autoridades constituídas, antropólogos, sociólogos, "intelectuais" e a sociedade em geral ainda não se convenceram que o tráfico de entorpecentes é a mola propulsora de grande parcela da violência urbana que nos assola e que destruirá essa nação a médio prazo e longo prazos. E, de forma hodierna, além do tráfico realizado por criminosos comuns, há também o que "jovens" de classe média praticam. E mais, resta claro que as drogas sintéticas serão o carro-chefe do tráfico daqui pouco tampo.
E, por falar em ecstasy (MDMA) qual o país que mais o produz? A resposta é óbvia: a Holanda; a mesma que os irresponsáveis defensores da discriminalização das drogas tanto citam como "convincente argumento".
A liberação das drogas na Holanda foi oficializada no ano de 1976; portanto, há 31 anos. Liberou-se, então, a venda de maconha em estabelecimentos denominados coffee-shops. Apesar da proibição da venda a menores, o uso da "cannabis", dentre os colegiais de 14 e 15 anos, cresceu vertiginosamente entre 1984 e 1996. Antes da implementação desta política, quase não se viam, na Holanda, criminosos ligados ao tráfico internacional de drogas. Nas adjacências dos coffee-shops trafica-se qualquer tipo de droga, inclusive crack, cocaína e heroína. Hoje, a Holanda tornou-se um gigante na produção e distribuição de drogas ilícitas; e a heroína. Quando se fala da Holanda, omite-se que aquele país está retificando essa política, assim como a Suíça, entre outras razões, devido ao aumento da criminalidade. Atualmente, a Holanda encontra-se em primeiríssimo lugar, dentre as nações mais desenvolvidas, quando se considera o número de homicídios. "O altíssimo nível da brutalidade mais extrema a que chegou a Holanda, após a liberalização das drogas, pode ser avaliado pelo fato de o país estar superando hoje até mesmo a taxa de homicídios das nações consideradas mais violentas" – apud IB Teixeira, 2002.
Em 2001, a Drugs Enforcement Administration (DEA) divulgou, no relatório "Ecstasy, Rolling Across Europe", baseado em apreensões e relatórios de inteligência, que 80% da produção mundial de ecstasy provinha dos laboratórios clandestinos da Holanda e, em segundo lugar, do norte da Bélgica. Consultando o livro "Meninos Bandidos Atacam – E nem sabemos o que fazer com eles", do jornalista, escritor e criminólogo Percival de Souza, "de todos os adolescentes internados no Brasil inteiro por causa dos atos infracionais praticados, 85,6% eram usuários de algum tipo de droga antes da internação. As mais citadas: maconha (67,1%), álcool (32,4%), cocaína-crack (31,3%) e os inalantes (22,6%)"; e que "nas maiores cidades do país, 60% dos prisioneiros, a maioria na faixa de dezoito a 23 anos de idade, vieram de algum estabelecimento para menores".
Portanto, não pretendo convencer quem quer que seja. Numa democracia cada qual tem liberdade para expressar-se e postar-se como bem entender; mas, como sói óbvio, dentro dos limites da lei. Por outro lado, é inegável que nas festas "rave" há tráfico e consumo de entorpecentes, assim como nos bailes Funk e também no carnaval. Não é atoa que os traficantes da favela da Rocinha faturam mais de 40 milhões de reais nos quatro dias de carnaval.
No meu entender, lugar de traficante é na cadeia, por crime hediondo, e para cumprimento de pena máxima e sem quaisquer benefícios da lei – infelizmente, hoje, nesse país hipócrita, eles recebem os benefícios da lei... Nos EUA, em alguns estados, quando um "jovenzinho" é apanhado com drogas, na primeira e segunda vezes ele é solto sob fiança; contudo, na terceira vez ele é condenado a prisão perpétua.Somente três fatores poderão reduzir a criminalidade: leis mais rígidas, penas mais longas e maior número de policiais.
No livro "Frekonomics", de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, é citado que há três incentivos básicos para o ser humano: o econômico – se acabar preso, o indivíduo pode perder o emprego, a casa, a liberdade... –, o moral – não querer cometer um ato errado, criminoso... – e o social – não ser visto pelos outros como alguém que age errado ou de forma criminosa. Tais incentivos faltam a grande parcela de nossa sociedade, que prefere viver num absoluto estado de anomia.
A mim pouco importa que a sociedade, políticos, intelectuais, o senhor Sérgio Cabral Filho, a juíza Flávia Viveiros de Castro, o ministro da "cultura", Gilberto Gil etc. sejam favoráveis à liberação e ao consumo de drogas. Mas eu não sou. E é possível que até haja pessoas que freqüentem tais festas e não se droguem. Mas jamais poder-se-á afirmar que em tais festas não haja tráfico e grande consumo de drogas. Isso não se poderá negar, jamais!
Por fim, quero transmitir aos missivistas, que sentiram-se ofendidos pelo meu e-mail anterior, que vivemos numa democracia e, assim sendo, cada qual tem direito a expor sua opinião, bem como postar-se da forma que bem entender – dentro, é claro, dos ditames da lei e da ordem. Logo, continuo convicto quanto a necessidade da proibição de tais festas rave
Dr. Leví Inimá de Miranda – CEL MED REF (EB)
Perito Legista da Polícia Civil do RJ
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