Sun Tzu, chamado também por Sun Zi ou Sun Wu, foi um estrategista militar chinês oriundo do Estado de Chi, por volta do século V a.C, período este denominado Chun Qiu, a "Era de Ouro", em que se iniciava um processo de unificação do Império da antiga China, pois se tratava apenas de pequenos estados divididos em inúmeros principados.
Ao escrever A Arte da Guerra, um dos mais interessantes tratados sobre táticas de guerra e estratégias militares, Sun Tzu atraiu a atenção do rei Ho Lu de Wu, o qual se interessou por esses ensinamentos e, curiosamente, pediu a ele que primeiramente testasse a eficiência desse método com suas concubinas. Após 180 mulheres terem sido trazidas ao palácio, serem separadas em grupos que representavam frentes de batalhas e terem recebido ordens às quais respondiam com gargalhadas, ele, com refinada perspicácia, foi esmerando-as para que realizassem tudo que lhes era solicitado, da mesma forma que o fez quando esteve à frente dos exércitos que comandou, cujas conquistas são inspiração para todos os estrategistas posteriores a ele.
Contemporâneo do célebre filósofo Confúcio, sua literatura foi instrumento de preparação de outras personalidades como o primeiro presidente da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, assim como de Napoleão I. Essas influências também puderam ser notadas no íntimo da cultura chinesa, a qual presenciou um crescimento do número de classes sociais educadas que ascenderam ao poder no governo e no comércio, devido à premissa de Sun Tzu que preza a sabedoria de seus guerreiros em predileção à força deles como requisito para combater, instituindo uma característica que será sempre peculiar ao país.
O general chinês insiste no fato de que a guerra não possui um fim em si mesma, mas que seu objetivo principal deve ser sempre a vitória. Ele conseguiu transpor paradigmas, tais como a filosofia chinesa e as incertezas da tradução, pois A Arte da Guerra começou a ser introduzida na Europa em 1782, quando um jesuíta francês que morava na china, Joseph Amiot, adquiriu uma cópia e fez uma tradução que continha muitas informações que não foram verdadeiramente redigidas por Sun Tzu como se veio a saber depois. Mas a primeira tradução para o inglês só veio a ser publicada mesmo em 1905, em Tokyo, e depois dessa surgiu outra em Londres que, apesar de ter sanado alguns erros anteriores, cometeu alguns novos. Todos esses trajetos que o texto percorreu o impediu de ter o impacto concreto e factual dos textos modernos, legando a ele um tom poético ou de fábulas, mas se nos empenharmos nessa leitura encontraremos respostas aos nossos próprios conflitos, ou maneiras de como solucionar as problemáticas ocasionadas por aqueles com quem nos confrontamos.
A vitória para Sun Tzu representa uma dicotomia entre a guerra e a paz. Às vezes, a primeira faz-se necessária, assim como a perfeita paz é algo impossível dentre as sociedades humanas. É por isso que à medida que o conflito deve ser evitado devemos aprimorar a força, as habilidades, a capacidade de análise da situação e a eficácia na auto-organização, ou seja, "subjugar o inimigo sem lutar". É nesse sentido que a disciplina auxilia a discernir entre a percepção e o julgamento, deixando uma lacuna para que uma inteligência natural se manifeste em um mundo de possibilidades que é comum a todos.
É interessante notar que alguns conceitos clássicos como o "si vis pacen parabellun" (dos romanos) "se queres a paz, prepare-se para a guerra", coaduna-se perfeitamente com as idéias de Sun Tzu.
Suas máximas são aplicáveis a qualquer campo em que a vitória seja fundamental. Seja nas empresas, nos campos de batalhas ou nas lutas do dia-a-dia.
Muitas das derrotas, mortes de civis e destruição teriam sido EVITADAS com o uso de A Arte da Guerra.
"Lutar e ganhar todas as batalhas não é a suprema glória, a glória suprema é quebrar o inimigo sem lutar."
Nos últimos dias vimos uma guerra que se preocupou mais em demonstrar o "poderio" do que em evitar o conflito. A vitória poderia ter sido assegurada de formas muito mais seguras e menos traumáticas para todos os envolvidos.
Resultou em um país lançado no caos político-administrativo, destruição de sua cultura e recursos naturais, perda de identidade. Sem falar de abalar, com um único golpe, a ordem mundial.
O mundo retornando ao período anterior à primeira grande guerra, e a possibilidade da volta do colonialismo. Sem falar na ampliação da distância entre ricos e pobres, e criando mais injustiças sociais que, conseqüentemente, acarretaram novos descontentes e, talvez, mais terroristas.
Este mesmo império conseguiu derrotar outro valendo-se da tática de Sun Tzu de frustrar os planos do inimigo. Sem guerra, sem batalhas, com amplo uso de espiões e acordos comerciais. A produtividade e a mobilidade foram fatores preponderantes. Os antigos aliados do império vencido tornaram-se parceiros do império vencedor.
A mobilidade é uma das grandes armas do exército para Sun Tzu, e a história nos brinda com exemplos fantásticos. Um recente foi a marcha Anglo-Americana na guerra do Iraque, em que vários focos de resistência foram deixados para trás na marcha célere por Bagda. Não foi a primeira vez que isso foi feito. Na segunda grande guerra os alemães usaram a blitzkrieg, ou guerra relâmpago, na qual pára-quedistas, tanques e tropas transportadas por blindados surpreenderam os exércitos europeus. Uma revolução, tendo em vista que as tropas alemãs em tempo ínfimo conquistaram países como Holanda, França e Polônia. A França era uma das potências militares da época. Ela havia construído uma longa linha de defesa separando-a da Alemanha. A linha Maginot, composta de fortes, canhões, fossos, trincheiras, muros e arame farpado. Tudo muito sólido e conseqüentemente imóvel, o que se demonstrou crucial para a Alemanha ganhar a batalha.
Os alemães, de forma similar ao que Anibal, o general cartaginês, havia feito contra Roma, circundaram as defesas francesas e quando eles menos esperavam tinham as tropas alemãs rumo a Paris.
Desta forma, o exército alemão, chefiado por Von Rundstedt e as divisões Panzer de Heinz Guderian, conquistou a França e empurrou as tropas inglesas rumo ao mar.
Curiosamente, a ruína alemã veio de um erro já narrado por Sun Tzu: "Se sitiarmos uma cidade, exauriremos nossas forças", as armas se tornarão pesadas e não haverá entusiasmo". As legiões nazistas cometeram o mesmo erro de Napoleão ao atacar a Rússia, e o resultado na frente oriental foi decisivo para o fim do Terceiro Reich.
De acordo com Sun Tzu, fazer uso da topografia e de acidentes do terreno é uma das chaves para a vitória. "No que concerne aos desfiladeiros, se o ocuparmos primeiro, devemos esperar o inimigo." Leônidas, o célebre general espartano, conseguiu, à frente de 300 soldados, deter o avanço do exército de Xerxes, composto de um milhão de homens, por um bom tempo. Desta batalha veio a corajosa frase do general espartano. Os persas disseram que lançariam tantas flechas que obscureceriam o sol; prontamente, Leônidas respondeu: "Então lutaremos à sombra".
As técnicas de Sun Tzu não tiveram somente no campo de batalha a sua comprovação; nas "guerras mercadológicas", travadas entre as grandes corporações, A Arte da Guerra fez história. O fenômeno Microsoft é um excelente exemplo. Aproveitando as lacunas do mercado, respondendo rapidamente aos estímulos, o maior império empresarial da atualidade foi erigido.
No Brasil, podemos pensar no grupo Pão de Açúcar, que, mesmo competindo com a maior rede de supermercados do mundo, conseguiu ser líder novamente.
A guerra foi racionalizada, os pontos de abastecimento foram equacionados, a logística e a reengenharia, palavras-chaves.
Infelizmente, a estratégia também pode ser utilizada por grupos criminosos; um bom exemplo é o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro. Eles aprenderam as técnicas na época da guerra fria, quando os presos políticos foram colocados ao lado dos presos comuns.
As ações do Comando Vermelho denotam um profundo conhecimento das táticas de guerrilha. O que é consolador, por outro lado, é o fato de sua força estar depositada na desigualdade social. Ora, se melhores condições chegarem ao morro, acompanhadas de justiça social, será o fim do Comando Vermelho e de organizações similares.
A Arte da Guerra é um livro eterno, talvez por falar das bases onde se assentam a organização humana e, consequentemente, as suas disputas, nas quais a guerra é a apoteose.
Terminamos este texto com a máxima latina: "Se queres a paz, prepare-se para a guerra".
Por Wagner Veneziani Costa
O texto aborda com muita propriedade a mesma questão tratada em momentos históricos diferentes.
Si vis pacem para bellum é uma locução latina que quer dizer: "Se queres a paz, prepara a guerra". Foi escrita pelo autor romano Publius Flavius Vegetius Renatus. A locução é uma de muitas provenientes do seu livro "Epitoma rei Militaris", que foi provavelmente escrito no ano 390 D.C. Esta frase também foi usada pelo fabricante alemão de armas Deutsche Waffen und Munitionsfabriken e é a origem da palavra Parabellum Não tem nada a ver com o general chinês Sun Tsu autor do mais antigo tratado sobre a guerra, "A arte da guerra" ("Ping Fá", em chinês), escrito na província de Wu, cerca de 600 anos antes de Cristo. Tsu teria sido contemporâneo de Confúcio.
Sun Tzu disse: "a guerra é de vital importância para o Estado; é o domínio da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a perda do Império: é preciso manejá-la bem. Não refletir seriamente sobre tudo o que lhe concerne é dar prova de uma culpável indiferença no que diz respeito à conservação ou à perda do que nos é mais querido; e isso não deve ocorrer entre nós."
Pode-se assim concluir que a insegurança juridica que reina irresponsavelmente no Brasil ignora os ensinamentos de Sun Tse
Postado por MiguelGCF > IMPUNIDADE > VERGONHA NACIONAL
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