As Forças Armadas se mostram muito preocupadas com a situação das reservas indígenas no estado de Roraima, com a iminência de retirada dos não-índios da Raposa/Serra do Sol. O secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais, general de Exército José Benedito Barros Moreira, defende a integração entre índios e não-índios para evitar o que classifica como “retrocesso”.
Barros Moreira, que esteve recentemente na Região Amazônica, visitando pelotões de fronteira (e observando “iniciativas realizadas em convênio com o Programa Calha Norte”), disse acompanhar “com preocupação qualquer tipo de situação que possa trazer antagonismo social dentro do país”.
A Amazônia tem 11 mil km de fronteiras internacionais, “quase que totalmente ocupados por reservas indígenas”. O que mais chama a atenção nessas reservas é o fato de estarem situadas em locais que abrigam as maiores jazidas de minerais raros do planeta.
Na Raposa/Serra do Sol, por exemplo, situa-se a segunda maior reserva brasileira de nióbio. Em artigo no Alerta Total (15/10/07 – Perdemos Roraima?), a jornalista Rebecca Santoro informou ser o nióbio “um mineral praticamente imprescindível à indústria aeronáutica, à aeroespacial e à de tubos para a construção de gasodutos”.
E disse existir, dentro das reservas, “laboratórios experimentais, muito bem aparelhados, sem mencionar a ação de contrabandistas e de traficantes de drogas e de armas”. O artigo merece ser relido (http://alertatotal.blogspot.com/2007/10/perdemos-roraima.html).
No Congresso Nacional, o deputado federal Márcio Junqueira (DEM-RR), repercutiu o posicionamento do general Barros Moreira, apontando o perigo de fragmentação do território brasileiro, “se não houver revisão dessa política suicida e entreguista por parte de vários governos”.
Junqueira condena com veemência a retirada que se pretende promover dos arrozeiros da região, “especialmente agora que Roraima se tornou pólo de exportação e o produto espécie de arrimo de nossa atividade econômica”.
O deputado, que vem sendo continuamente ameaçado de morte por conta da defesa da integridade territorial do país, comunga com o posicionamento do general Barros Moreira que acha ser necessária a preservação da cultura indígena, mas integrando o índio aos valores culturais nacionais.
O Exército Brasileiro não está disposto a participar da retirada dos produtores de arroz da Reserva Indígena Raposa/Serra do Sol. “Este é um problema muito sério”, segundo o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Pereira. A reserva foi criada na gestão FHC, em portaria assinada pelo então ministro da Justiça, Renan Calheiros (PMDB-AL).
FHC, que não tem perdido a oportunidade de fustigar seu sucessor, Dom Luiz Inácio (PT-SP), trabalhou com esmero pela alienação de importantes nacos do Brasil. Ele também quis entregar a Base de Lançamentos de Alcântara, no Maranhão, mas não conseguiu concretizar em função da grande reação que levantou.
O ex-presidente, que gosta de se gabar de falar milhares de línguas e ser recebido por reis e rainhas, não gosta, no entanto de assumir questões polêmicas: além de não se referir ao assunto da reserva e da Base de Lançamentos, ele também não assumiu um filho que teve com a jornalista Miriam Dutra (Rede Globo), a quem mandou para verdadeiro exílio na Espanha, em 1993.
Coitado de quem imaginou que Dom Luiz Inácio fosse dar um basta à questão de segregação dos índios. Ele cuidou de dar seqüência ao mesmo tipo de ação política de seu antecessor.
Certa feita, ao governador de Roraima, Ottomar de Sousa Pinto (PSDB), o atual presidente declarou estar de “saco cheio com pressões internacionais recebidas”. E homologou a reserva.
por Márcio Accioly é Jornalista.
11.29.2007
O Brasil roubado sem reação do seu povo
Não se sabe bem que nova indumentária o ministro Nelson Jobim (Defesa), irá utilizar desta vez. É possível que sua excelência se arme até com borduna, adornado com cocar e outros apetrechos indígenas. Mas, certamente, não deverá abrir mão de vistoso cachimbo da paz, no caso de bem sucedido. O que se tem como inegável é que a situação requer paciência e apurada reflexão.
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