Desde que o escritor inglês George Orwell (1903-50) criou o verbete “duplipensar”, nunca foi tão fácil explicar a retórica empregada pelas “lideranças”. E o que é duplipensar? É a capacidade de guardar na cabeça, ao mesmo tempo, duas crenças contraditórias e aceitá-las como verdadeiras.
Como as coisas nascem sempre do conflito entre duas idéias opostas, o Brasil assumiu posição de vanguarda, adotando de imediato duas posições ao mesmo tempo, já que uma fatalmente irá substituir a outra. Por exemplo: estamos atravessando crise que não tem como ser avaliada ainda de forma precisa no campo energético.
E o que se fez? O presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP), que pode ser analfabeto, mas não é burro, invadiu os meios de comunicação e anunciou com estardalhaço reservas de petróleo que deverão durar até o Sol consumir todo o hidrogênio existente no seu interior, num espaço de quatro bilhões de anos!
Enquanto isso, prepara-se nos bastidores um novo aumento no preço do gás e combustíveis, pois o petróleo da reserva anunciada só irá aparecer (quando aparecer), lá pelo ano de 2017. Isso é o que se chama de duplipensar.
Durante as duas campanhas eleitorais, o atual presidente combateu com veemência a privatização efetuada por seu antecessor, o entreguista FHC (1995-2003). Fez todo mundo crer que pretendia reverter alguns dos absurdos cometidos, inclusive a venda da Companhia Vale do Rio Doce – CVRD -, inominável absurdo.
Eleito, sua excelência não apenas deu seqüência ao procedimento condenado, ampliando para algumas áreas consideradas verdadeiras jóias da coroa. Na sua coluna da segunda-feira (12), Ucho (http://www.ucho.info/) informou que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), tem minuta de projeto em cima da mesa no qual determina a privatização de 49% dos Correios. Irá para mãos estrangeiras.
A tão defendida democracia é, na realidade, elaborada manobra em que se consegue arrancar o poder representativo de maioria despreparada e inculta, capaz de entregar qualquer membro da família por alguns trocados, assim como na história da traição de Judas com Jesus. Sem direito a arrependimento futuro.
O pior de tudo é verificar que só se descobre o tamanho do rombo depois de passados mais de dez ou 20 anos. Porque no meio de tudo isso existe a televisão com seu potencial de interpretação da história, pregando mentiras como verdades absolutas num “deserto de homens e idéias”, enquanto o país vai sendo entregue gratuitamente.
Agora mesmo, a grande imprensa vibrou com o fato de o rei Don Juan Carlos (Espanha), ter mandado Hugo Chávez se calar (coisa que não fez), contrariado porque o presidente venezuelano lembrou que o ex-primeiro-ministro espanhol, Aznar, apoiou a tentativa de golpe de Estado no seu país em 2002.
A mesma imprensa “esquece” ser Juan Carlos herdeiro da cruel ditadura de Francisco Franco, num antigo império responsável pelo genocídio de civilizações inteiras no Continente sul-americano.
Dom Luiz Inácio vai ter de fazer muita força para que um apagão catastrófico não ponha abaixo seu bem erguido castelo de areia, impedindo que a massa manipulada comece a reclamar suas migalhas num brado retumbante de insatisfação ameaçadora.
Por Márcio Accioly - Jornalista.
Do http://alertatotal.blogspot.com
Postado por MiguelGCF > Impunidade > Vergonha Nacional>
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