Por ocasião da cerimônia de lançamento do livro "Direito à memória e àverdade, publicado pela Secretaria dos Direitos Humanos, O Sr. Nelson Jobim,Ministro nomeado da Defesa vociferou que " Não haveria nenhum indivíduo que pudesse reagir quanto à edição do Livro, e, que se assim o fizesse teria resposta".
Não se trata propriamente de uma reação, apenas uma resposta. Não conheço o conteúdo do livro, mas o suficiente sobre alguns fatos e personagens para desprezar qualquer interesse pela sua leitura.
Respeito, no entanto, sua publicação como a de outros já publicados, embora considere inadequada a dimensão revanchista que se deseja dar.
Enquadrar-se-ia, neste caso, também, a "Memória e a Verdade" sobre as vítimas da Intentona Comunista de 1935, e as vítimas dos diversos episódios sangrentos que sucederam ao vitorioso movimento revolucionário de 1964, amplamente apoiado pela sociedade brasileira, sem o que não seria
possível promovê-lo.
Os mortos e desaparecidos desta guerra suja, empreendida a serviço da esquerda, são conseqüências lamentáveis, porém naturais, particularmente neste tipo odioso de confronto, em que sempre prevalecerá a capacidade e o poder de combate daqueles que logram êxito.
Nossa missão constitucional, imposta, foi cumprida, por convicção, a serviço da nação e em prol da verdadeira democracia, com o sacrifício de nossas próprias vidas, tal qual juramos.
E vencemos.
A guerrilha foi totalmente dizimada. Melhor para nós e tanto melhor para o Brasil; infelizmente com a perda de algumas vidas de brasileiros, inocentes úteis, alguns mais úteis do que inocentes, apátridas, envolvidos numa luta que, na verdade, tinha como único objetivo tomar o poder e subjugar o país a um regime totalitário, cuja matriz era a URSS, com a uma filial, Cuba, em nosso continente, até hoje um exemplo de autêntica ditadura.
Chegamos a imaginar que a Lei de Anistia, instituída pelo último governo militar, havia colocado um ponto final nisso tudo, entretanto, as claras tentativas de desforra dos vencidos se fazem freqüentes, sem qualquer sentido.
É oportuno declarar, que também possuo um desaparecido político em minha família, por sinal, homógrafo, o Major Ex. Joaquim Pires Cerveira. Não o conheci, nem com ele tive qualquer relacionamento, tampouco comungo com seu pensamento político, todavia, por ser filho de quem foi, tenho grande pesar pelo seu desaparecimento e profundo respeito pela sua memória.
Esta é, pois, a minha resposta.
Aproveito o ensejo para afirmar também, como outros já o fizeram, que não tememos gritos.
Afinal, somos formados e preparados para o combate, "o bom combate", e, nada ou ninguém nos intimida.
Estamos e sempre estivemos ao lado e a serviço da nação e nela sim acreditamos. É o nosso dever de ofício.
Portanto, esses arroubos públicos só demonstram a insegurança de quem os comete.
Se tamanho e barulho valessem, o rinoceronte seria o rei da selva. E, no entanto, não é.
Gostaria de sugerir ao Sr. Ministro, a releitura da biografia do ilustre brasileiro: João Pandiá Calógeras, que, a par de seu profundo senso ético e estético, se notabilizou historicamente como um líder na pasta da Guerra, tornando-se um de seus mais insignes ministros, produzindo profundas transformações e a modernização da FFAA, na época, cujos efeitos se fazem sentir até hoje.
Embora jurista e parlamentar atuante, o Sr. Jobim, que recentemente não gozou da aceitação de seus pares para concorrer à presidência de seu Partido, agora, como Ministro nomeado, espelhando-se em Calógeras, terá uma oportunidade ímpar de marcar sua passagem na atual administração da Defesa,
com resultados que esperamos positivos, de forma a permitir às forças singulares, ora sucateadas e mal-remuneradas, sejam revitalizadas e, assim, venham a ter condições ideais de cumprir com efetivo vigor e dignidade as diferentes missões constitucionais a elas atribuídas.
No que se refere ao porte das insígnias de General de Exército, devo dizer que nada tenho a criticar quanto ao uso de nosso uniforme camuflado. É até mais confortável e apropriado à atividade para a qual foi convidado a participar. Entretanto, é bom lembrar que, apor ao uniforme, insígnias do mais alto posto militar, além de indevido é ilegal.
Ao contrário do meio civil, em que o Título de Doutor é conferido "in honoris causa", o estamento militar não contempla este mérito. Insígnias militares não são adornospara serem usados ao bel-prazer. Elas representam, no caso, o desempenho de uma longa carreira(mais de 40 anos de serviço ativo), nos diferentes níveis e graus de sua formação, pontificada por constantes avaliações, mérito intelectual e dedicação exclusiva, que, no caso do Oficial General do mais alto posto, raros são os escolhidos e por
isso respeitados como líderes perante seus pares.
Finalmente, voltando ao modo como o Ministro, desde sua posse, vem se dirigindo aos integrantes das Forças que administra, é aconselhável maior comedimento e respeito.
E, ainda, a lembrança de que o Leão continua sendo o rei dos animais.
Ele é manso e tranqüilo, mas não é de circo.
Pode-se até dele se aproximar.
Pode-se até acariciá-lo.
Só não convém tocar-lhe a juba, porque aí, ele pode se lembrar que é Leão...
Joaquim Gilberto Cerveira Pinto - Cel. do Exército.
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